100% de alguma coisa é tudo. O problema é saber o que é esse “tudo”.
No pico anterior da pandemia aqui na capital paulista, atingimos 250 casos/milhão/dia e quase 9 óbitos/milhão/dia. Hoje estamos rodando a cerca de 150 casos/milhão/dia e quase 4 óbitos/milhão/dia. Não lembro de ter lido na época (junho/julho) que estávamos com o sistema de saúde particular saturado. O que aconteceu de lá para cá?
Simples: o número de vagas de UTI para Covid-19 diminuiu, dando lugar a vagas para cirurgias eletivas. O “tudo” encolheu. E isso aconteceu porque os hospitais, apesar de sua aura de anjo da guarda da humanidade, são um business tanto quanto uma bar. Abrir mão das eletivas significou um baque financeiro enorme no primeiro semestre, e agora os grandes hospitais particulares relutam em voltar a dedicar essas vagas para a Covid.
Duas coisas então: 1) se houver um decreto para o fechamento do comércio, deveria vir acompanhado de uma proibição de cirurgias eletivas. Afinal, guerra é guerra e 2) faria bem a imprensa em divulgar não somente o percentual de ocupação, mas o número total de leitos disponíveis. Sem esse dado, a informação pode ficar distorcida.
PS.: por favor, não entendam esse post como uma minimização da crise sanitária pela qual estamos passando. Os números de São Paulo estão bem melhores dos que os do Sul do país, mas é uma questão de “quando”, não de “se” a nova cepa vai chegar por aqui, estressando o nosso sistema.