A história se repete somente como farça

Apesar do bombardeamento de última hora do PT, Ilan Goldfjan foi eleito para a presidência do BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento. Trata-se de uma história com duas lições.

A primeira, óbvia, é que, para surpresa de alguns, o PT continua sendo o PT. Todos os sinais estão nessa direção, esse foi apenas mais um deles. O PT queria colocar um “dos nossos” no comando na instituição. Afinal, Ilan é um sujeito técnico, e que vai analisar os pedidos de financiamento de um ponto de vista, digamos, técnico. Nada de ter ”sensibilidade para governos amigos”, ou analisar “externalidades positivas” que só o pessoal da Unicamp vê.

E aqui vem a segunda lição, que é o outro lado da moeda da primeira. Certamente o conselho do BID (o que inclui seu maior financiador, os EUA) viu como o BNDES foi usado durante os governos petistas. Lula pode ser um pop star das relações internacionais, mas na hora do dinheiro de verdade, os investidores querem ver resultados. Não à toa, mantiveram a eleição e Ilan foi eleito por larga margem.

Essa é uma sinalização interessante. O passado do PT o condena, e cachorro mordido por cobra tem medo de linguiça. O “chilique” do mercado nos últimos dias demonstra isso, assim como esse olé do BID no PT. Desse modo, é provável que o PT enfrente grande dificuldade na implementação de sua agenda. A resistência do mercado e do corpo político será formidável. Ninguém quer viver novamente o show de horror que foi o fim do governo PT. Claro, o PT insistirá de várias formas e teremos muita dor de cabeça. Mas não será o passeio no parque que foi no primeiro governo. A história se repete somente como farsa.

O problema é fiscal

O problema é fiscal.

O Ilan e o Guardia vieram a público para afirmar que o Brasil tem fundamentos sólidos. Não poderiam dizer outra coisa.

Fundamentos sólidos uma pinóia! Temos uma dívida crescendo sem controle, e o que vemos é cada um procurando preservar o seu. Enquanto isso, a eleição é um deserto de homens e ideias.

O Ilan e o Guardia tentam, como podem, segurar as pontas, usando os pobres instrumentos que têm à mão. Estão tentando segurar a rachadura da barragem com esparadrapo.

O problema é fiscal. Enquanto as contas públicas não forem arrumadas, a coisa é daí para pior.