A história é a seguinte: o McDonalds promoveu, durante 18 dias de 2013, 35 shows em escolas, com a presença do Ronald McDonalds. Estes shows, segundo a empresa, eram educativos, com o roteiro previamente acertado com a direção das escolas, e sem propaganda direta, apenas a óbvia presença do grande M amarelo.
O Instituto Alana, que luta contra a publicidade dirigida ao público infantil, entrou na justiça e ganhou a ação contra a empresa. Mas o interessante vem agora.
Qual o fundamento da ação do instituto? A premissa de que “a publicidade faz com que a criança se sinta seduzida a entrar para o mercado de consumo”. E note que estamos falando de um palhaço aparecendo no palco, e que em momento algum diz “coma um Big Mac agora”.
Pois bem.
Bolsonaro vem sendo ridicularizado pela sua luta contra o chamado “kit gay”. Na verdade, trata-se de educação sexual para crianças, acoplada a uma “normalização” do comportamento homossexual, sob o pretexto (correto ou incorreto, não vou entrar no mérito) de combater o preconceito. Segundo o candidato do PSL, esse tipo de material teria o poder de “influenciar as crianças” em suas opções sexuais.
O movimento Escola Sem Partido também vem sendo ridicularizado por pretender que professores e materiais didáticos sejam neutros em matéria política. O movimento vem sendo combatido sob o pretexto (correto ou incorreto, não vou entrar no mérito) de defender o “debate democrático” em sala de aula, e a “conscientização dos jovens”. O que o Escola Sem Partido diz é que esse tipo de debate envolvendo professor e aluno, com óbvias diferenças de preparo e de autoridade, nada mais é do que doutrinação, tendo o poder de “influenciar as crianças” em suas opções políticas.
Não tenho como provar aqui, mas tenho uma forte desconfiança de que os mesmos que acham lindo ações como a do Instituto Alana, defendem a educação sexual nas escolas e são contra o Escola Sem Partido.
No fundo, a questão não está na “influência sobre as crianças”, mas QUAL é esta influência. O Instituto Alana está preocupado com a influência da publicidade. Não quer que as crianças se tornem “consumistas”. Ora, a publicidade é o coração do capitalismo, e o consumo, o seu motor. Ao lutar contra a publicidade infantil, no fundo o Instituto Alana coloca-se contra a influência do capitalismo sobre as crianças. Claro, se alguém perguntar, eles dirão que não são contra o capitalismo, mas apenas contra o consumismo, o que quer que isso signifique. Ter vontade de ir ao McDonalds torna-se um pecado mortal nessa nova religião, e devemos proteger nossas crianças contra isso.
Já a “educação contra o preconceito” e a “conscientização política” vão transformar o mundo em um lugar melhor. Assim, o Instituto Alana e outras tribos correlatas acham normal a educação sexual e o debate político nas escolas. Neste caso, a influência sobre as crianças é “do bem”.
Notaram como, nessa história toda, os pais não entraram em momento algum? Talvez fosse interessante perguntar aos pais, responsáveis últimos pela educação de seus filhos, o que acham disso tudo.