Paranoia, uma característica dos extremos

Quem dá uma passeada por perfis governistas no Twitter sai com a nítida impressão de que estamos às vésperas de um golpe de estado. É impressionante, mas essa coisa do Moro pegou mesmo nas hostes governistas. O pessoal está em pânico, pintado pra guerra. Não entendo muito por quê, dado que Moro é uma sombra do que foi durante o julgamento da Lava-Jato, seu desempenho como político é pífio. Só se explica por uma espécie de paranoia, a mesma que fazia Bolsonaro e bolsonaristas ver traidores e ameaças debaixo da cama.

E olha que estamos com menos de 3 meses de governo. Imagine quando tiverem passado dois anos, com resultados medíocres (serão) e popularidade em baixa, qual será o nível de virulência contra qualquer sombra de ameaça. A data de validade do amor venceu no dia 30/10.

Patriotismo

Uma coisa há que se reconhecer: os petistas não mediam esforços para sustentar o seu governo. Até dinheiro do próprio bolso colocavam.

Estou certo que os bolsonaristas não se deixarão vencer em patriotismo.

Todos que me conhecem sabem

“Todos que me conhecem sabem”…

É isso. Quem está do “lado certo da História” pode dizer qualquer barbaridade, mas exige julgamento pelo seu “bom coração”, que todos obviamente conhecem.

Já quem está do “lado errado da História” será julgado pelo que diz e pelo que não diz. Pouco importa, nem ser humano é!

Aliás, a forma de os nazistas lidarem com o genocídio dos judeus era retirar-lhes a condição de seres humanos. Só assim podiam matá-los em escala industrial, como se fossem gado. Ao retirar a condição de ser humano de um adversário político, Zé de Abreu mostra a sua verdadeira face.

Governo virtual

Antes da atual performance como autoproclamado presidente da República, Zé de Abreu aventurou-se no mercado de ações.

A diferença é que, na época, a performance da então presidente da República, ao contrário da agora inofensiva performance do ator-presidente, causava gigantescos estragos na economia.

No dia em que Zé de Abreu patrioticamente comprou Petro, a ação valia 10,30. Quando Dilma assumiu o governo, em janeiro de 2011, a Petro valia 26,70. Fez um excelente trabalho para que Zé de Abreu pudesse comprar a ação na baixa.

Mas o autoproclamado presidente errou o timing. Dilma continuava lá. A ação continuou caindo, atingindo 8,20 em abril/2016, quando ocorreu o impeachment. Zé de Abreu perdeu 20% de seu investimento. Mas foi por uma boa causa.

Depois do impeachment, o dublê de presidente deve ter vendido as ações, pois seria uma traição à causa ficar patrocinando governo golpista. Hoje, Petro vale 26,70, o mesmo valor do início do governo Dilma. Vale notar que, após o impeachment, Dilma se apresentava no Twitter como “presidenta legitimamente eleita”. Mais ou menos como Zé de Abreu se apresenta hoje.

Moral da história: governo de esquerda bom é governo virtual. Podem fazer discurso à vontade sem causar estragos.