Mentalidade

Entrevista com a nova guru do pedaço, Kate Raworth, autora do best-seller “Doughtnut Economics – 7 ways to think like a 21st century economist”.

Não li o livro, mas já dá pra ver por onde vão os tiros só lendo a entrevista. As empresas estão dominadas pelo sistema financeiro, que exige crescimento contínuo de lucros a qualquer preço. Mas os jovens já não querem mais isso, querem trabalhar em empresas que “façam algo de bom para o mundo”.

Acho que o que resume a imbecilidade de tudo isso é a pergunta da jornalista (no caso, a Sônia Racy): “o que sugere para que ESSAS PESSOAS mudem?”

O problema estaria nos empresários e financiadores, que são maus por natureza. Não ocorre à entrevistadora que ela também faz parte do sistema. Tudo, desde o carro que dirige (ou o Uber que toma), passando pelo seu iPhone, até a refeição requintada que faz à noite, são produzidos e chegam até ela através de uma cadeia de produção gigantesca, que passa muitas e muitas vezes por empresas que estão buscando o crescimento de seus lucros. E que, não fosse isso, provavelmente estaríamos hoje tendo que sair para caçar toda noite o nosso almoço de amanhã, além de dormir em uma caverna sem banheiro.

Esse pessoal tende a ver as empresas e os empresários, juntamente com o sistema financeiro que os financia, como um bando de abutres, uma classe à parte, não solidária, responsável por tudo de mal que ocorre no mundo. Quando, na verdade, os empresários estão aí apenas para atender os desejos dos consumidores, entre os quais se encontram a jornalista e a economista do século XXI. Os consumidores somos os verdadeiros chefes, aqueles que mandam.

Somente acreditarei na boa intenção de qualquer um que venha a criticar o “capitalismo predatório”, se abrir mão de todas as benesses da civilização tecnológica, que não teriam sido possíveis sem a busca incessante por crescimento de lucros.