Essa reação da Secretaria de Comunicação do governo ao quadro do Adnet parodiando o secretário da Cultura, Mário Frias, está errada de diversas e combinadas formas:
1) O quadro não faz paródia dos “heróis brasileiros”. Faz paródia de Mário Frias.
2) Ao dizer que a paródia ofende o povo brasileiro de bem, o secretário da cultura usa da mesmíssima mistificação que Lula e os petistas usaram até enjoar. Qualquer ataque ao partido ou a seus próceres era narrada como um ataque ao povo.
3) O secretário da cultura usa uma estrutura de governo, paga com nossos impostos, para atacar alguém que o ofendeu pessoalmente. O discurso “em defesa do povo brasileiro” apenas serve como escudo para tentar camuflar o uso de um bem público para fins particulares.
4) Qualquer figura pública deve estar preparada para ser criticada ou, como é o caso, parodiada. Tem que ter casca grossa, senão melhor nem descer para o play. Aliás, Bolsonaro também aparece no quadro do Adnet, contracenando com ninguém menos que o Queiroz. Quer coisa pior? Bolsonaro nem piscou.
5) Adnet é um humorista mediano (minha opinião). Admiro sua capacidade de imitação, mas as piadas são, em geral, fracas. Não é diferente com o quadro em foco. A reação do secretário da cultura, colocando para girar a máquina do governo para criticar o humorista, só vai fazer que um quadro meio sem graça tenha multiplicado sua audiência em várias vezes.
6) Um órgão oficial do governo criticar um trabalho artístico é meio, assim, como dizer, autoritário. Lembra outros regimes em que o humor é, digamos, regulado.
Sinceramente, Mário Frias passou um recibo desnecessário. Além disso, mostrou que tem uma compreensão peculiar do que seja liberdade de expressão. O que não deixa de ser curioso para alguém que vive da arte.