A verdadeira “mais-valia”

Passeando pela livraria, deparo-me com a nova edição de O Capital, de Karl Marx. Confesso, nunca tinha lido uma única página. Conheço a teoria marxista apenas pelos seus resultados, que não são lá muito animadores.

Curioso, fui para o capítulo onde se define a mais-valia. Lê-se lá: “Sabemos que o valor de qualquer mercadoria é determinado pela quantidade de trabalho materializado em seu valor de uso, pelo tempo de trabalho socialmente necessário à sua produção.”

Pronto. Não precisa ler mais nada. Tudo o que se construir a partir dessa premissa terá o valor de uma nota de 3 reais. O valor de uma mercadoria é dado pelo quanto alguém está disposto a pagar por ela, pouco importando os insumos, incluindo o trabalho, empregados.

Digamos, por hipótese, que alguém faça um buraco e o tampe. Terá gasto um “tempo de trabalho”. Segundo Marx, este buraco tampado tem o valor do trabalho empregado em fazê-lo. Segundo qualquer pessoa de bom senso, não vale nada. O marxismo carece de bom senso.

Agora, por hipótese, suponhamos uma sociedade construída segundo a premissa marxista. Haverá muitos “buracos tampados” que devem ser remunerados. Como ninguém está disposto, individualmente, a pagar, resta ao Estado fazê-lo. No limite, todos os meios de produção pertencem ao Estado, que remunera “o trabalho socialmente necessário à produção”. No fim, todos se matam de trabalhar e não se produz nada de valor. Resultado: o muro cai.

Mas, dirá alguém, mesmo o mais obtuso marxista sabe que um buraco tampado não tem valor. A sociedade organizada com base na premissa marxista ainda assim saberá produzir coisas de valor, com a vantagem de não precisar remunerar o capitalista.

É justamente aí que está o busílis do capitalismo: o capitalista, o empreendedor, é o sujeito que ganha a mais-valia justamente por criar valor. Ou, para ser mais exato, por identificar corretamente o que será valorizado pelo consumidor da sua mercadoria. Nenhuma organização estatal consegue substituir o empreendedor na criação de valor. Desde um Steve Jobs até o dono da padaria da esquina, todos eles vivem de criar valor, não de “tempo de trabalho”. Nenhum burocrata estatal cria valor. Por isso, as sociedades fundadas no marxismo são invariavelmente pobres.

Observação final: você, jovem, que não tolera a mais-valia do capitalismo e não quer ser explorado, você tem uma saída: empreenda! Seja seu próprio patrão! E tente criar valor para os seus clientes. Das duas uma: ou você terá sucesso e ganhará muito dinheiro, ou, no caso de fracasso, passará a dar valor àqueles que conseguem criar valor de verdade para a sociedade.