Relatório preliminar do ONS responsabiliza as usinas eólicas e solares do Nordeste pelo apagão de agosto. A coisa é mais ou menos a seguinte.
Por algum motivo, a linha de transmissão Quixadá-Fortaleza caiu, mais ou menos como um disjuntor cai quando há alguma sobrecarga em uma residência. Coloco o mapa abaixo para dar uma ideia do tamanho da linha (165 km) em relação ao Brasil. Obviamente, não pode ter sido a única explicação para que um terço do país, de norte a sul, ficasse sem energia. E não foi.
Em casos como esses (que são mais ou menos comuns), há um sistema de backup, com a entrada em ação de geradoras dos arredores para compensar aquela linha que caiu. Ocorre que, nos modelos do ONS, as usinas eolicas e solares poderiam gerar muito mais do que efetivamente geraram naquele momento. Aparentemente, houve uma bela diferença entre o que os geradores informaram ao ONS e aquilo que efetivamente entregaram na hora do vamos ver. O relatório propõe uma série de mudanças para que isso não ocorra novamente, principalmente no que se refere à real capacidade dessas usinas.
Não se trata de demonizar as usinas eólicas e solares, que são muito úteis em uma matriz elétrica diversificada, mas apenas dimensionar corretamente a sua capacidade de entrega de energia. Demonizar é prática de quem quer usar qualquer assunto para ganhos políticos, como fez o governo Lula, ao atribuir o apagão à privatização da Eletrobrás. Trata-se de problema técnico que afeta milhões de brasileiros, e que deve ser tratado de maneira técnica.