Abaixo, reportagem de hoje na The Economist, sobre a aprovação emergencial da vacina da Astra Zeneca/Oxford por parte da MHRA, a Anvisa britânica. Segundo a revista, um game changer, pois a vacina é mais barata e tem logística muito mais simples.
Os primeiros resultados publicados sobre esta vacina não foram nada animadores. Havia ocorrido um erro de dosagem que produziu resultados esquisitos (meia dose era mais efetiva do que uma dose) e não havia comprovação de eficácia para pessoas acima de 59 anos de idade.
A reportagem da Economist, no entanto, não cita esses problemas. Na verdade, coloca a questão da meia dose como uma vantagem. Como respeito o jornalismo praticado pela Economist, e como a MHRA não ia colocar seu stamp em algo não confiável, acho que temos uma vacina.
O governo brasileiro, através da Fiocruz, fez um acordo de produção local com a AstraZeneca. Convenhamos, um laboratório britânico, em associação com a grife Oxford, transmite muuuuuuito mais confiança do que um laboratório chinês. As duas vacinas podem ser ótimas, mas entre um Bentley e um Chery, você compraria qual?
Por isso, a essa altura do campeonato, era para o Bolsonaro estar sambando sobre o cadáver político do Doria. “Sua” aposta foi aprovada pelos britânicos (e deve ser aprovada por vários outros países a partir de agora), enquanto o Butantan já adiou duas vezes o anúncio da eficácia da “vacina chinesa”.
Mas não. Bolsonaro continua com seu ar blazé, fazendo campanha contra vacinas (quaisquer vacinas, todas elas foram desenvolvidas em tempo recorde, portanto não são confiáveis), inclusive dizendo que não vai tomar. Bolsonaro não perde uma chance de perder uma chance. E olha que, nessa, a bola sobrou na cara do gol, era só empurrar para a rede, mais fácil do que aquele gol sofrido em Santos.
Sim, a Anvisa vai acabar aprovando a vacina da Astra Zeneca. E até acho que vai ser mais cedo do que mais tarde. Vamos ver se o discurso muda.