Manchete marota

Daí você vai ler a matéria, e descobre que o inquérito apontou uma looonga cadeia de causalidades:

– Pessoas organizaram um baile contra a lei.

– A prefeitura não fiscalizou e coibiu o baile contra a lei.

– Bandidos fugiram de perseguição policial para dentro da multidão do baile.

– Pessoas que estavam no baile agrediram fisicamente os policiais que estavam perseguindo os bandidos.

– Os policiais jogaram bombas de gás para se defender das agressões da multidão.

– Pessoas pisotearam outras pessoas na tentativa de fugir da confusão.

Mas quem só leu a manchete, ficou achando que o inquérito incriminou os PMs. Veja, não estou dizendo que o inquérito esteja certo ou errado. Estou apenas dizendo que a manchete, escolhida a dedo para incriminar apenas um dos elos dessa cadeia, não tem nada a ver com a reportagem.

Mas não tenho dúvida que o autor dessa manchete marota vai correndo procurar a PM quando se vir privado de seus direitos.

A necessidade do jornalismo

Tentei destacar um ou outro trecho deste artigo de Carlos Alberto Di Franco, mas não consegui. O artigo inteiro é uma ode ao jornalismo de qualidade, escrito por alguém que vive o jornalismo por dentro. Fica uma conclusão, não escrita pelo autor: se os jornais estão hoje em crise, não é por conta da Internet ou do Google. O problema são os próprios jornalistas, que deixaram de fazer jornalismo.