Muito se falou da pesquisa encomendada pela XP, feita pelo telefone, que coloca Haddad com 11% das intenções de voto quando aparece “apoiado por Lula”. Mas pouco se falou da pesquisa que importa, aquela das urnas.
No último domingo tivemos o 1o turno da eleição suplementar para governador em Tocantins, porque a chapa eleita foi cassada. O resultado foi o seguinte:
- Mauro Carlesse (PHS): 30,3%
- Vicentinho Alves (PR): 22,2%
- Carlos Amastha (PSB): 21,4%
- Katia Abreu (PDT): 15,7%
- Marlon Reis (Rede): 9,9%
Em 2014, Dilma Rousseff teve 59,5% dos votos em Tocantins, contra a média nacional de 51,6%. O governador eleito (e agora cassado) era do PMDB.
Mauro Carlesse, o vencedor do 1o turno, é o atual presidente da Assembleia Legislativa.
Vicentinho Alves, o 2o colocado, é senador e já foi deputado federal e deputado estadual.
Carlos Amastha, o 3o colocado, foi prefeito de Palmas de 2013 a 2018. Foi um dos 7 prefeitos que estiveram em uma reunião de apoio a Dilma e contra o impeachment em dezembro de 2015.
Katia Abreu, a 4a colocada, é senadora e uma das principais apoiadoras de Dilma Rousseff no senado, de quem foi ministra da agricultura.
E, finalmente, Marlon Reis, o 5o colocado, foi o juiz responsável por patrocinar a Lei da Ficha Limpa, notabilizando-se pela luta contra a corrupção na política.
Então, resumindo: em um estado que deu 60% dos votos para Dilma Roussef em 2014, os dois primeiros colocados são o ex-presidente da Assembleia Legislativa filiado ao PHS e um senador do PR. Ou seja, políticos profissionais.
Por outro lado, políticos de alguma forma ligados a Dilma (e a Lula, por que não), ficaram fora do 2o turno. Marlon Reis, que deveria ser o símbolo da luta contra a corrupção, chegou em 5o.
Então, a eleição no Tocantins mostrou que:
- a velha política continua viva da silva
- a proximidade com Dilma é tóxica. Quem conseguir ligar a imagem de Lula à da Dilma pode vencer o candidato apoiado por Lula
- ser anti-corrupção não é assim uma bandeira imbatível
Detalhe final: brancos, nulos e abstenção somaram 49% do eleitorado. Quem conseguir convencer o eleitor a sair de casa levará vantagem.