Erguendo o poste

A pesquisa de ontem do Ibope indicava que 28% dos eleitores de Lula votariam com certeza em um candidato indicado por Lula.

Na pesquisa de hoje do DataFolha, este número é de 31%.

Como Lula está com 37%-39% nas duas pesquisas, o potencial inicial de Haddad é de 10,4% a 12,1%, o que não seria suficiente para colocá-lo no 2o turno.

Já os que “talvez votem no candidato indicado por Lula” totalizam 22% no Ibope e 18% no DataFolha. Digamos que a propaganda do PT consiga converter metade desse contingente. Isso dá de 3,3% a 4,3% adicionais.

Ou seja, fazendo uma conta de padaria, Haddad sai com um potencial de 13,7% a 16,4%. Marina está com 16% no DataFolha e 12% no Ibope.

A questão que se coloca é: a propaganda do PT será eficiente para aumentar esse potencial? O PT tem dois desafios: fazer Haddad (ou o Andrade) conhecido e ligá-lo a Lula. Isso em menos de um mês.

O mercado ontem piorou por que já considera que o PT está no 2o turno. Eu continuo achando que os asseclas de Lula vão ter muito trabalho pra erguer esse poste.

Os brasileiros merecem o Brasil

Pesquisa da XP acaba de ser publicada.

– Haddad apoiado por Lula está no 2o turno com Bolsonaro

– 40% dos entrevistados acham que Lula vai concorrer e 28% acham que ele ganha as eleições.

– 44% dos pesquisados acham que Lula deveria concorrer.

Os brasileiros merecem o Brasil.

Análise da pesquisa Ibope em São Paulo

Interessante a pesquisa Ibope em São Paulo divulgada ontem.

No cenário com Lula, o presidiário recebe 23% dos votos, enquanto Bolsonaro recebe 18% e Alckmin 15%.

Sem Lula, o quadro se inverte: Alckmin recebe 19% e Bolsonaro, 16%.

Alckmin herda 4 pontos percentuais de Lula. Mas o curioso é o que acontece com Bolsonaro, que PERDE 2 pontos sem Lula.

Seria como se, na lista com Lula, uma parcela dos eleitores escolhesse Bolsonaro porque o Lula está lá. Seria uma espécie de “voto útil” em alguém com teoricamente mais chances, hoje, de vencer Lula no 2o turno. A mesma pesquisa mostra que Lula lidera a rejeição no Estado (45%).

Excluído Lula da lista, Bolsonaro perde essa fatia de eleitores, que se veem livres para escolherem seu candidato de predileção.

Existem analistas que defendem que a candidatura Bolsonaro nasceu como um “anti-petismo”, e só mais recentemente adquiriu características de “anti-establishment”. Esses analistas defendem que a saída de Lula do jogo eleitoral prejudicaria também Bolsonaro, pois tiraria a sua razão de existir. Essa pesquisa do Ibope pode estar sinalizando isso.

(Aos bolsonaristas: pesquisa de intenção de voto não vale só quando Bolsonaro está na frente, talkei?)

Por que?

Conference call com um investidor japonês da qual acabo de participar:

🇯🇵: Qual a chance do ex-presidente Lula concorrer nas próximas eleições?

🇧🇷: Muito remota, praticamente zero.

🇯🇵: Então por que ele é incluído nas pesquisas?

🇧🇷: 🤔

O que as pesquisas dizem

O mercado financeiro está surtando porque Alckmin não decola nas pesquisas e aposta em um 2o turno entre Bolsonaro e Ciro. Em pesquisa recente da XP junto ao mercado, nada menos que 44% dos respondentes apostam nessa hipótese.

O DataFolha deste domingo não trás novidade alguma: Bolsonaro e Marina Silva distantes dos outros candidatos. E Marina batendo todos os candidatos no 2o turno.

Mas, por algum motivo misterioso, o mercado não está considerando a hipótese Marina. Talvez por não ter estrutura partidária nenhuma (que é o caso de Bolsonaro também) ou, o que é mais provável, pelo seu histórico de derretimento nas duas últimas eleições.

Então, o mercado encontra-se em seu momento esquizofrênico: as pesquisas enterram Alckmin, mas as mesmas pesquisas não servem para colocar Marina como uma candidata competitiva.

Ora, ou bem as pesquisas servem, ou não servem. Minha opinião? Acho que pesquisas hoje ainda dizem pouco sobre as eleições.

Lendo através das eleições no Tocantins

Muito se falou da pesquisa encomendada pela XP, feita pelo telefone, que coloca Haddad com 11% das intenções de voto quando aparece “apoiado por Lula”. Mas pouco se falou da pesquisa que importa, aquela das urnas.

No último domingo tivemos o 1o turno da eleição suplementar para governador em Tocantins, porque a chapa eleita foi cassada. O resultado foi o seguinte:

  1. Mauro Carlesse (PHS): 30,3%
  2. Vicentinho Alves (PR): 22,2%
  3. Carlos Amastha (PSB): 21,4%
  4. Katia Abreu (PDT): 15,7%
  5. Marlon Reis (Rede): 9,9%

Em 2014, Dilma Rousseff teve 59,5% dos votos em Tocantins, contra a média nacional de 51,6%. O governador eleito (e agora cassado) era do PMDB.

Mauro Carlesse, o vencedor do 1o turno, é o atual presidente da Assembleia Legislativa.

Vicentinho Alves, o 2o colocado, é senador e já foi deputado federal e deputado estadual.

Carlos Amastha, o 3o colocado, foi prefeito de Palmas de 2013 a 2018. Foi um dos 7 prefeitos que estiveram em uma reunião de apoio a Dilma e contra o impeachment em dezembro de 2015.

Katia Abreu, a 4a colocada, é senadora e uma das principais apoiadoras de Dilma Rousseff no senado, de quem foi ministra da agricultura.

E, finalmente, Marlon Reis, o 5o colocado, foi o juiz responsável por patrocinar a Lei da Ficha Limpa, notabilizando-se pela luta contra a corrupção na política.

Então, resumindo: em um estado que deu 60% dos votos para Dilma Roussef em 2014, os dois primeiros colocados são o ex-presidente da Assembleia Legislativa filiado ao PHS e um senador do PR. Ou seja, políticos profissionais.

Por outro lado, políticos de alguma forma ligados a Dilma (e a Lula, por que não), ficaram fora do 2o turno. Marlon Reis, que deveria ser o símbolo da luta contra a corrupção, chegou em 5o.

Então, a eleição no Tocantins mostrou que:

  1. a velha política continua viva da silva
  2. a proximidade com Dilma é tóxica. Quem conseguir ligar a imagem de Lula à da Dilma pode vencer o candidato apoiado por Lula
  3. ser anti-corrupção não é assim uma bandeira imbatível

Detalhe final: brancos, nulos e abstenção somaram 49% do eleitorado. Quem conseguir convencer o eleitor a sair de casa levará vantagem.

Pesquisa espontânea

Conversa hoje com meu filho de 13 anos.

Filho: Pai, quem são os candidatos?

Eu (meio perdido, porque nem eu sei direito): de quem você se lembra?

Filho (pensando um pouco): hmmm, Bolsonaro e… um outro que não lembro o nome.

Eu: como é a cara dele?

Filho: hmmm, não lembro. O Lula não pode ser candidato né?

Eu: não, não pode. Quem mais?

Filho: só conheço o Bolsonaro mesmo.

Fim da conversa.

Moral da estória: a pesquisa espontânea em casa deu 100% Bolsonaro.

Este é o quadro

Este é quadro. Bolsonaro lidera até o final do 1o turno, com Marina, Alckmin e Ciro brigando pela 2a vaga. Acho que é Alckmin que vai ao 2o turno.

Repito, este é o quadro. O próximo presidente será um desses 4 nomes. Vai se acostumando.