Falou o deputado do partido que deixou a Eletrobras com prejuízo de mais de R$ 20 bilhões.
Sim amiguinho, a Eletrobras na mão do estado dá lucro sim, pode acreditar.
Apenas um repositório de ideias aleatórias
Falou o deputado do partido que deixou a Eletrobras com prejuízo de mais de R$ 20 bilhões.
Sim amiguinho, a Eletrobras na mão do estado dá lucro sim, pode acreditar.
Em artigo no Valor de hoje, o presidente do IPEA saúda “A Revolução Silenciosa da Governança das Estatais”. Seu ponto é que, agora, será muito mais difícil fazer rapinagem nas estatais. Ou, em uma versão mais benevolente, usar as estatais para fins políticos.
É óbvio ululante que a privatização é a medida mais eficaz para o saneamento das estatais. Mesmo porque, são tantas as amarras para se evitar a rapinagem, que a simples existência da estatal perde o seu sentido econômico.
O presidente do IPEA até reconhece isso no artigo, ao dizer que “a privatização das estatais traz maior transparência, equivalência e efetividade no pagamento de tributos e accountability das suas atividades”. Mas o sujeito não resiste e acrescenta: “No entanto, em alguns casos, manter empresas controladas pelo Estado é relevante, em razão da natureza essencialmente social dos serviços ofertados, típicos de Estado”.
Bem, não consigo pensar em nada com mais “natureza essencialmente social” do que alimentação, saúde, educação e segurança pública. Esses últimos três estão na mão do Estado, e são o descalabro conhecido. E me recuso a imaginar os efeitos da existência de uma grande estatal de alimentação.
Bancos, petróleo, satélite artificial e uma grande lista de etceteras não parece cumprir a “natureza essencialmente social” para justificar a existência de estatais. Mas o presidente do IPEA encerra o artigo justificando tudo: segundo ele, “está-se construindo um novo Brasil por meio do capitalismo democrático de mercado”. Como se “a nova governança das estatais” estivesse finalmente tirando essas estrovengas das mãos dos políticos e devolvendo-as para o povo.
Prefiro a minha parte em dinheiro mesmo.
O governo gaúcho adiou a oferta de ações do Banrisul por condições técnicas do mercado. Leia-se: ninguém quer comprar essa joça pelo preço que o governo do RS acha que vale.
Hoje, as ações do banco estatal gaúcho valem menos que o valor patrimonial da empresa. Ou seja, os investidores não querem pagar nem pelo valor contábil dos ativos. Para entender: a empresa vale mais se vender todos os seus ativos e fechar as portas.
E por que isso? Simples: para ser sócio do governo gaúcho, os investidores exigem um desconto gigante no preço das ações do banco. E aí, você ingenuamente pergunta: o governo gaúcho não ganharia mais transferindo o controle do banco? No que eu respondo: mais não, MUITO mais. E bota mais nisso.
Mas transferir o controle do banco significa que o governo não terá mais um instrumento para as suas “políticas públicas”. Leia-se: empréstimos para setores amigos, manutenção de agências deficitárias para agradar correligionários, cargos políticos, estabilidade do funcionalismo.
Para manter o controle, em uma decisão que claramente é prejudicial ao povo mais simples, os políticos gaúchos vestem o figurino de defensores do “patrimônio público”, das “riquezas do povo”. Assim, o funcionalismo público continua sem receber seus salários, mas orgulhosamente podem mostrar que são “donos de um banco”. Ok, assim é se assim lhe parece.
A não privatização do Banrisul, a esta altura do campeonato, deveria ser punida como gestão temerária dos recursos públicos, com direito a uma temporada na cadeia.
O Brasil precisa caminhar milhares e milhares de anos-luz em direção ao liberalismo para nos tornarmos algo que lembre uma economia “incivilizadamente liberal”.
Alckmin continua a ser esse idiota que vai se vestir de “jaleco de estatais” para tentar atrair o voto dos petistas, como se esses pudessem votar em tucano. O PSDB vai conseguir perder a eleição mais ganha da história.
As usinas que pertenciam à Cemig foram leiloadas hoje. O governo arrecadará mais de R$ 12 bilhões, com um ágio de quase 10% sobre o preço mínimo.
Um deputado de Minas afirmou que as usinas foram vendidas “a preço de banana”. Não ocorreu a ninguém perguntar ao nobre deputado qual teria sido o “preço justo”. Mesmo porque, não há preço que pague o feudo político que representa uma estatal. Trata-se de uma fonte eterna de empregos e barganhas políticas, impossível de precificar.
Além dos donos do feudo, também os sindicalistas se mostraram preocupados. Os empregos estariam ameaçados. Sim, estão mesmo. Empregos que nem deveriam existir e cujo custo recai sobre toda a sociedade, que sustenta a baixa produtividade das estatais.
Além dos donos do feudo e dos sindicalistas, também os defensores dos interesses nacionais criticaram a venda das usinas da Cemig. Os interesses nacionais, por algum motivo, envolveriam manter a geração da energia elétrica nas mãos do Estado. Talvez porque, em uma guerra, as multinacionais pudessem cortar a energia das nossas cidades. Bem, não precisa de uma guerra pra cortar a energia, basta uma chuvinha de verão.
Os donos de feudo, os sindicalistas e os defensores do interesse nacional estão hoje um pouco mais tristes. O que significa dizer que o cidadão está um pouco mais feliz.
Você, que é funcionário ou aposentado da Caixa ou da Petrobras, e que vai ter desconto no contracheque para pagar o rombo dos seus respectivos fundos de pensão, duas observações:
1) Se você é a favor da privatização, faça-se ouvir, porque a conta, no final, chega pra todo mundo.
2) Se você é contra a privatização, bem feito.
“Ouvi que vão vender a Eletrobras. Uma empresa que já teve R$ 400 bilhões de investimento vai ser vendida por R$ 20 bilhões e acham que é o máximo fazer isso.” – Lula
“Precisamos que as empresas de capital público atendam aos brasileiros, independente de quem é a gestão. Então, eu acho que privatizar a Eletrobras, privatizar mais de 100 empresas públicas que não servem para nada, são meros, na sua maioria, cabides de emprego e muito mal na sua gestão… então, nós precisamos de boa gestão” – Rodrigo Maia
“Vender a Eletrobrás é abrir mão da segurança energética.Como ocorreu em 2001, no governo FHC, significa deixar o País sujeito à apagões.” – Dilma
“A decisão do governo de privatizar a Eletrobras é histórica, com significado só comparável à desestatização do Sistema Telebras nos anos 1990.” – Henrique Meirelles
“Sem a Eletrobrás não teríamos feito o Luz para Todos! Metade do Brasil continuaria no escuro! Pra esse governo o povo é detalhe. Desalmados!” – Gleisi Hoffman
“Ontem, o governo anunciou a privatização de diversos ativos, como a Eletrobras, que subiu 46% num dia. A Casa da Moeda será privatizada, perfeito. É disso que o Brasil precisa” – Doria
“É uma mudança geral e drástica do marco regulatório do setor elétrico, criado nos governos Lula e Dilma, que proporcionou segurança energética e expansão do parque gerador e de transmissão” – nota do PT
“cri cri cri” – PSDB e seus caciques.
O ambulatório da Casa da Moeda conta com 22 médicos, 11 fisioterapeutas, 1 massoterapeuta, 2 dentistas, 2 psicólogos, 1 nutricionista, 1 farmacêutico, 9 enfermeiros, 3 técnicos de enfermagem, 5 recepcionistas e 7 motoristas, para 2.700 funcionários.
O deputado Nelson Marquezelli (PTB-SP), que indicou o presidente da estatal, quer uma audiência com Temer para entender o motivo da venda.
O anúncio da privatização da Eletrobrás, além de todos os méritos óbvios, tem mais um ainda pouco percebido, mas muito importante: começa a tornar plausível, imaginável, um cenário em que a Petrobras possa ser privatizada.
Antes do anúncio da privatização da Eletrobrás, a privatização das vacas sagradas do Estado brasileiro (Petro, Eletro, Banco do Brasil e Caixa) era apenas um delírio de liberais insanos, que não tinha a mínima, a mais remota chance de acontecer.
Sem querer comparar a Eletro com a Petro (são empresas que estão em patamares diferentes no imaginário do perfeito idiota latino-americano), somente o fato de a privatização da Eletrobrás ter sido anunciada move a privatização da Petrobras do campo dos unicórnios e duendes para o campo da viagem para a Lua. Muito difícil, mas possível, afinal.
Não é nada, mas é muito, em um país ainda preso a fetiches do século XX.