O Senado brasileiro aprovou projeto que dificulta a entrada de concorrentes em linhas intermunicipais, além de proibir o chamado “Uber dos ônibus”, que não passa de um fretamento feito através de aplicativos. Ou seja, ao invés de a empresa de fretamento ficar esperando demanda de um determinado grupo para encher um ônibus, pode contar com um aplicativo que junta a demanda de indivíduos independentes entre si. Este sistema, obviamente, traz uma eficiência que concorre com as linhas regulares. Mas existe mercado para os dois: sempre haverá pessoas que não podem esperar pela formação do grupo e pagarão a mais pela passagem do ônibus regular.
Não deveria soar como novidade, mas sempre é bom apontar esses pequenos movimentos que, acumulados ao longo do tempo, contribuem para a concentração vergonhosa de renda no país. Sim, porque esse dinheiro a mais gasto em uma passagem de ônibus faltará no orçamento das famílias mais pobres e agregará uma riqueza aos empresários de linhas de ônibus sem a devida contrapartida de geração de valor para o usuário. Trata-se de mais um rent-seeking.
Os nossos parlamentares estão entre os primeiros a encherem a boca para defender a “justiça social”. Fazem-me lembrar a estátua da Dinamarca, Survival of the fattest, que já citei aqui e citarei várias outras vezes, em que uma mulher gorda se equilibra sobre os ombros de um homem esquálido, segurando a balança da justiça. Na base da estátua está escrito: “Estou sentada nas costas de um homem. Ele afunda sob o peso. Eu faria qualquer coisa para ajudá-lo. Menos sair de suas costas”.