O papa é o representante de Cristo na Terra, o chefe da Igreja Católica, o líder dos católicos. Como tal, deve receber todos os que o buscam. Todos.
Isso é em tese. Como qualquer ser humano, o Papa tem uma agenda limitada. Mesmo que quisesse receber a todos, por razões práticas não conseguiria. Portanto, deve haver uma seleção de quem será recebido.
A agenda pessoal do papa é problema dele. Ele recebe quem quiser. E resolveu receber Lula, em uma “agenda privada”. Ou seja, não como representante de um Estado ou da Igreja. Até aí, tudo bem, o papa tem total discricionariedade sobre os visitantes que recebe.
Isso é uma coisa. Outra coisa é posar para fotos diante do fotógrafo oficial de Lula, Ricardo Stuckert, levado a tiracolo para a audiência papal. Lula foi ao Vaticano em mais um capítulo de sua operação “lava-reputação”. E, sem fotos, teria sido o mesmo que não ter ido. E não foram fotos quaisquer. Ricardo Stuckert é um craque.
Sim, o papa tira fotos ao lado de chefes de Estado quando os recebe. Faz parte do protocolo. Trata-se de um registro oficial. Mas o papa não é (ou pelo menos não deveria ser) ingênuo a ponto de desconhecer o objetivo dessa foto. Não se trata de uma foto protocolar. Ao tomar parte de uma pantomima partidária, o papa assume o risco de afastar da Igreja quem não comunga das mesmas ideias.
Novamente: o papa pode e deve receber quem quiser no Vaticano. Mas tirar uma foto que tem uma inegável conotação política e partidária rebaixa o papel do representante de Cristo.