Quem paga a conta do desaquecimento global?

Os especialistas estão realmente assustados com as altas temperaturas. Um deles afirmou: “as mudanças climáticas são reais e a gente precisa agir”.

No mesmo jornal, algumas páginas adiante, um exemplo de ação na direção desejada pelos especialistas: querosene de aviação verde (SAF). Colei a reportagem inteira, por ser muito esclarecedora.

Alguns pontos que me chamaram a atenção:

para produzir o SAF são necessárias enormes quantidades de matéria-prima e água doce que, como sabemos, é escassa;

– a possibilidade de sintetizar o combustível (o eSAF) exige quantidades enormes de energia. Para produzir todo o eSAF para abastecer a frota da Lufthansa seria necessário usar metade da eletricidade produzida hoje na Alemanha;

– hoje, somente 0,15% do combustível usado na aviação é SAF. Tudo o que é produzido é consumido;

O presidente da Emirates expressou o pensamento-chave desse imbróglio: “a descarbonização do planeta custará trilhões de dólares e temos de encontrar o dinheiro para realizar as mudanças”. Pois é, no final sempre chegamos à questão de quem pagará a conta.

Ao que parece, a União Europeia está caminhando na direção de obrigar as companhias aéreas a usarem o SAF. Obviamente, no atual estágio de desenvolvimento e até onde a vista alcança, isso significa custos mais altos e passagens aéreas bem mais caras. Ou seja, no final, quem vai pagar será o consumidor, aliás, como deve ser. O resultado desse movimento será a redução da demanda pela expulsão dos mais pobres deste mercado. Voltaremos à elitização das viagens aéreas, com menos voos e, como consequência, menor produção de gases de efeito estufa. Talvez seja este mesmo o objetivo.