Bom senso

Sérgio Moro, por ter sido flagrado dando risada ao lado de Aécio e ter tirado foto ao lado de Doria, é considerado tucano de carteirinha.

Gebran Neto e Thompson Flores, que não têm foto nenhuma, também são suspeitos.

O desembargador Rogério Favreto, filiado ao PT por 20 anos e dono de um extenso currículo de trabalhos para governos do partido, é considerado um “juiz isento”.

Essa “lógica”, que agride o senso comum, é proposital: leva à loucura o cidadão comum, não partidário, que desiste de discutir política, por não encontrar uma base comum de bom senso. Parece conversa de hospício, mas é só a velha tática das mentes totalitárias: a verdade está a serviço do Partido, e a defesa da causa gera um distopia que cria a sua própria realidade. Fora dessa distopia, tudo não passa de uma grande conspiração.

Portanto, se você tem um amigo ou parente petista, que insiste que Moro é tucano e Favreto é isento, não se irrite com ele. Simplesmente ignore, mude de assunto. É inútil discutir, porque ele vive em outro mundo. Quem sabe um dia se liberte de sua distopia e volte para o mundo onde impera o simples bom senso.

Palavras de Moro

Não posso deixar aqui de repercutir as palavras desse grande brasileiro, Sérgio Moro, a respeito da possibilidade de revisão da prisão após julgamento em 2a instância. Destaco os seguintes trechos:

– a jurisprudência estabelecida […] é fundamental, pois acaba com o faz de conta das ações penais que nunca terminam, nas quais o trânsito em julgado é somente uma miragem e nas quais a prescrição e impunidade são a realidade.

– a presunção de inocência está relacionada à prova, ela tem que ser clara como a luz do dia para a condenação (“probationes in causa criminali luce meridiana clariores esse debent”), e não a efeitos de recursos contra julgamentos.

– E tal colocação em liberdade de condenados por crimes graves ocorreria sem qualquer avaliação dos casos concretos, das provas, ou seja, sem qualquer referência a justiça substantiva do caso. Apenas seria concedido, sem a avaliação da prova, a criminosos condenados, tempo para buscar prescrição e impunidade, à custa da credibilidade da Justiça e da confiança dos cidadãos de que a lei vale para todos.

– a presunção de inocência não deve ser interpretada como um véu de ignorância que impede a apreensão da realidade nem como um manto protetor para criminosos poderosos, quando inexistir dúvida quanto à sua culpa reconhecida nos julgamentos.

Música para os ouvidos

“Parte da responsabilidade pela instauração da corrupção sistêmica e descontrolada no Brasil foi a inefetividade dos processos criminais por crimes de corrupção e lavagem no Brasil”.

Este é o juiz Sérgio Moro, na ordem de prisão a mais dois condenados da Lava-Jato, esgotados todos os recursos na 2a instância.

Em outras palavras, a corrupção grassa no Brasil porque os corruptos não são presos, apelam e apelam e apelam até que a pena prescreva.

Moro é música para os ouvidos, nesta cacofonia que não tem outro objetivo senão o de perpetuar o estado de degradação da sociedade brasileira, com o qual alguns poucos lucram às custas da desgraça do povo.

E, no sétimo dia, descansou

Na segunda-feira, Gilmar Mendes declara inconstitucional a prisão de Adriana Ancelmo.

Na terça-feira, Gilmar Mendes declara inconstitucional a condução coercitiva.

Na quarta-feira, Gilmar Mendes declara inconstitucional a prisão preventiva.

Na quinta-feira, Gilmar Mendes declara inconstitucional as delações premiadas.

Na sexta-feira, Gilmar Mendes declara inconstitucional o termo “Lava-Jato”.

No sábado, Gilmar Mendes declara inconstitucional a existência do juiz Sérgio Moro.

No domingo, vendo que tudo o que fez foi bom, Gilmar Mendes descansou.

O juiz é soberano

Um juiz pode errar.

Um conjunto de juízes também pode errar.

Errar é da natureza humana.

No início, no futebol, só havia um juiz. Os erros de arbitragem eram mais frequentes.

Depois, tiveram a ideia de escalar juízes auxiliares, os bandeirinhas. A frequência dos erros diminuiu, mas não foi a zero.

Agora, acrescentaram juízes de linha e, daqui a pouco, o vídeo tape. A frequência de erros diminuirá ainda mais. Mas erros, ainda que raros, continuarão ocorrendo.

Isso é uma coisa.

Outra coisa é os jogadores e dirigentes peitarem os juízes por conta de um eventual erro. O juiz é autoridade máxima do jogo, e sua decisão é soberana. Se assim não fosse, não haveria jogo de futebol. Cada time seguiria a sua própria interpretação dos lances e a anarquia estaria instalada.

O sistema judicial procura diminuir a probabilidade de erro ao estabelecer uma corte revisora colegiada. A probabilidade de ocorrerem erros diminui, mas não desaparece.

Isso é uma coisa.

Outra coisa é peitar os juízes, dizendo que somente uma decisão favorável a um dos lados é legítima. E, pior, chamando os juízes de ladrões, acusação grave que somente é socialmente aceita no anonimato garantido pelos estádios.

É o que temos visto por parte de Lula e dos petistas em relação a Sérgio Moro e, agora, aos desembargadores do TRF4.

O PT chegou a defender, em resolução do partido, a “desobediência civil”. Ou seja, a anarquia. É esse o conceito de democracia desse partido.

O juiz é soberano, mesmo estando errado. Senão, não há jogo democrático possível.

Você sabe com quem está falando?

Se qualquer cidadão se comportasse como Lula se comporta diante do juiz Sérgio Moro, teria sido preso por desacato à autoridade.

O que só demonstra que Lula dá continuidade à secular tradição brasileira do “você sabe com quem está falando?”, que divide os cidadãos em entre aqueles que podem e aqueles que obedecem.

Lula é o que pode haver de mais velho na política brasileira.

Eu tenho e-mail

“Eu não tenho e-mail. Teve um presidente que me disse que se eu quisesse fazer as coisas sem ser bisbilhotado, que eu não falasse ao telefone, não mandasse e-mail. Que pegasse a pessoa e conversasse com ela pela estrada”.

Lula hoje, diante de Sergio Moro.

Eu não tenho problema nenhum em entregar à justiça todos os meus e-mails e minhas conversas ao telefone. E você?