Sepúlveda Pertence, ex-ministro do STF, passa a integrar a banca de advogados de Lula.
Apesar das aparências, não foi Sepúlveda que aceitou ser advogado de Lula. Foi o exato inverso: Lula aceitou Sepúlveda. Isso marca uma mudança de estratégia significativa.
Até o momento, Lula optou pela tática do enfrentamento político. Sabedor de sua desesperadora situação jurídica, procurou jogar todo o seu imenso peso político sobre meros “juizecos” (no dizer do inefável Renan Calheiros) de primeira e segunda instâncias. Para tanto, não era necessário um advogado, mas um militante político. Genro de seu compadre de todas horas, Cristiano Zanin, que nem sequer tinha experiência na área penal, cumpriu seu papel de maneira virtuosa.
Mas agora o enfrentamento político esgotou-se. Ministros do STJ e, muito principalmente, do STF, não são juizecos. Notem como o silêncio de Lula desde faz alguns dias é ensurdecedor. Porque ele sabe que o jogo mudou. E a chegada de Sepúlveda Pertence confirma esse entendimento.
Agora é a hora dos embargos auriculares, e ninguém melhor para isso do que um ex-ministro do STF com “trânsito na corte”, como dizem.
Nossa Suprema Corte vai arrumar uma forma de manter a paz política do país, protegendo os seus e provando que todos são iguais perante a lei, mas alguns são mais iguais do que outros. Principalmente os que conseguem pagar um ex-ministro do STF para compor sua banca de advogados.