Nó tático

É incomensurável a distância, em termos de poder, entre Jair Bolsonaro e Luciano Bivar. O primeiro é só o presidente da República com uma popularidade não desprezível. O segundo é o obscuro presidente de um partido obscuro. Como então Bolsonaro está passando vexame público na queda de braço com o presidente do seu partido?

Bem, descobrimos todos que presidente de partido manda bagarai. A democracia brasileira (aliás, qualquer democracia liberal) é baseada nos partidos políticos. A vida parlamentar, onde as decisões que importam acontecem, gira em torno dos partidos.

Por isso, em partido com dono, é o dono que indica o presidente. No PT, por exemplo, para ser presidente do partido tem que ter a bênção de Lula. Mesmo de dentro da cadeia. Em partido sem dono, como o PSDB ou o PMDB, o presidente do partido é eleito atendendo às muitas correntes internas.

O PSL é um partido com dono. Chama-se Luciano Bivar. Como todo dono de partido, ele controla verbas e diretórios. Nem a caneta presidencial consegue superar esse poder. Ou melhor, conseguiria, se estivéssemos tratando da “velha política”. Mas como Bolsonaro inaugurou a “nova política”, em que não há barganhas em troca de votos, eventuais promessas de cargos e outras benesses carecem de credibilidade. Afinal, os deputados do PSL foram eleitos sob a bandeira da “nova política”. Como poderiam ceder à “velha”?

Bivar é velha, velhíssima política. E está dando um nó tático em Bolsonaro. No final, o poder do presidente da República deve prevalecer. Afinal, é o presidente da República contra um reles presidente de partido. Mas a batalha deve deixar muitos mortos e feridos no meio do caminho. E o exército de Bolsonaro ficará ainda menor.

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