O professor da USP Humberto Gomes Ferraz escreve artigo sobre a demora em se conceder patentes no Brasil, um problema antigo.
O professor começa citando o GII, Global Innovation Index, ranking no qual o Brasil, a exemplo de todos os outros rankings de produtividade, aparece em posição vergonhosa. Depois vai citando casos (inclusive o seu próprio) de patentes que levaram mais de década para serem analisados. E termina o artigo com uma boa notícia: o Inpi, ligado ao Ministério da Economia, anunciou uma mudança de sistemática na análise de patentes, o que, reconhece o professor, deve acelerar em muito o processo. Até aí, tudo bem.
O que me causou espécie no artigo foi o seu início, lido à luz de sua conclusão. Segundo o professor, o Brasil deve despencar no ranking da GII, “dada a falta de interesse com que o atual governo enxerga a ciência e a tecnologia”. Ou seja, o mesmo governo que muda o Inpi para acelerar a análise de patentes (que é um dos itens do GII) será responsável pela queda no ranking de inovação pois não teria “interesse” em ciência e tecnologia.
A vontade de criticar o governo é tão grande e tão grande é a ojeriza ideológica em relação ao governo, que o professor da USP sequer percebeu a contradição do seu artigo. Triste.