Corre uma disputa de narrativas entre economistas liberais e desenvolvimentistas a respeito das políticas de incentivos governamentais à indústria. Muito espertamente, os desenvolvimentistas estão colocando a discussão no campo temporal, identificando a “nova política industrial” como boa por ser moderna, enquanto os críticos estariam cheirando a naftalina, só faltando usarem perucas do século XVIII a lá Adam Smith. Podem notar: não é só Mercadante que se refere aos críticos como “anacrônicos”. Toda a turba dos desenvolvimentistas se refere aos liberais, de uma forma ou de outra, como “atrasados”. Eles estariam na vanguarda, fazendo políticas que estão agora mesmo sendo adotadas pelos países mais avançados.
Esse tipo de narrativa só serve para desviar o foco do essencial. Não importa realmente se uma política é nova ou velha, mas se funciona ou não. E não é pelo fato de Estados Unidos ou os europeus estarem agora inundando as suas economias de subsídios que torna esse tipo de política correta. O curioso é que os desenvolvimentistas fazem uma espécie de cherry picking de políticas dos países mais avançados, escolhendo somente aquelas que lhes interessam para corroborar as suas teses. Quando se tratava, por exemplo, das políticas de redução de impostos de Reagan e Trump, da austeridade fiscal de Clinton ou da desregulamentação de Bush, imitar tais políticas significava ser “subserviente a uma cartilha neoliberal”.
A questão não é se a política é nova ou velha, ou se está sendo adotada por outros países. A verdadeira questão é se a política funciona ou não. Ao se referir às políticas de subsídios como “coisa velha”, os liberais não querem dizer que tudo o que seja velho não funciona. O ponto é que essas políticas já foram testadas no passado e foram um fiasco, porque não contavam com os elementos necessários para funcionarem. Essa nova edição é mais do mesmo, razão pela qual não funcionará novamente.