O trecho abaixo foi retirado da reportagem de capa do Caderno de Fim de Semana do Valor Econômico, aquele que o mercado financeiro lê quando não está explorando o povo.
A reportagem trata dos “movimentos cívicos”, que pretendem influenciar as decisões do Congresso através de ações de cidadania e patrocínio de candidaturas “apartidárias” (apesar de, curiosamente, todos os candidatos eleitos mencionados sejam filiados ao PSOL e Rede ).
No trecho abaixo, destaco o que me parece a essência desses movimentos: tudo o que não está alinhado com suas ideias não é democrático, não é democracia. Não passa na cabeça desses luminares de que, talvez, e só talvez, os conservadores conquistem espaço no Congresso porque o povo seja, afinal, conservador, ora pois.
Note: em qualquer votação no Congresso em que a pauta não alinhada a esses “progressistas” avança, o discurso é sempre o mesmo: “foi tudo aprovado no atropelo, sem um debate profundo com a sociedade”. Foi assim com a reforma trabalhista, com a reforma do ensino médio e tantos outros assuntos. E sociedade, aqui, quer dizer esses representantes de si mesmos.
No fundo, trata-se de um profundo desprezo pela democracia representativa que, no dizer de Churchill, é o pior sistema político, com exceção de todos os outros. Não aceitar que o Congresso seja conservador é não aceitar que o povo seja conservador. É querer ditar ao povo o que ele deve ser. Não consigo pensar em nada mais autoritário.