O busílis da questão árabe-israelense

“Os ataques do Hamas não ocorreram no vácuo”.

Essas foram mais ou menos as palavras do secretário geral da ONU, Antonio Guterrez, procurando contextualizar (evitarei aqui o verbo “justificar”) as atrocidades cometidas pelo Hamas. Este é, em diversas versões, o cerne da questão: Israel estaria apenas pagando o preço pelos seus crimes. O Hamas pode ter exagerado “um pouquinho”, mas Israel, no final das contas, mereceu o castigo. E os atos do Hamas serviram como uma fagulha na palha seca do ressentimento contra Israel.

A narrativa é muito simples: os judeus são um povo perverso, que pratica “genocídio” e “apartheid”, e mantém os palestinos em uma “prisão a céu aberto”, por pura ganância e maldade. Não há outra explicação para a mortandade de crianças agora mesmo em Gaza. Vejam como esses judeus são maus, nos esfregam em nossas caras as manchetes do noticiário diário e os comentários dos “especialistas”. Obviamente, tudo isso está implícito, nada é explícito. Nem precisa.

Mas o que é convenientemente esquecido é que a história não começa por essas ações de Israel. Se há um início nessa história, é a negação do direito de existência do estado de Israel por parte de uma parcela dos árabes e de muitos intelectuais no Ocidente, a tal “esquerda global”. Este é o verdadeiro busílis, tudo tem início nesse pecado original.

O ponto é que Israel tem o direito de se defender dessa parcela radical de árabes que não reconhece o seu direito à existência e fará de tudo para atingir o seu objetivo (vide o ataque de 07/10). Vejo muitos no Ocidente e mesmo judeus justificando o que o Hamas fez, mas não vejo ninguém no mundo árabe apoiando o direito de Israel defender a própria existência. Pelo contrário, Mahmoud Abas, o palestino “moderado”, aplaudiu o Hamas em um primeiro momento, assim como as principais lideranças do mundo árabe. Então, Israel está à pé, e precisa se defender sozinho, com o apoio de uma parcela do Ocidente.

Israel bloqueia Gaza? Ficou claro porque, depois dos ataques de 07/10. Israel controla a Cisjordânia? Ficou claro porque, depois dos ataques de 07/10. Israel “humilha” os árabes com procedimentos de segurança? Ficou claro porque, depois dos ataques de 07/10. Há aqui uma inversão de causa-efeito: não foram os ataques de 07/10 que ocorreram por causa da “opressão” israelense. É a “opressão” israelense que existe porque um ataque da natureza do que ocorreu no dia 07/10 sempre foi uma possibilidade concreta. E por que? Volte dois parágrafos: por causa da negação do direito de Israel existir. Este é o pecado original.

Todos os que, com o coração pesado, suplicam para que Israel pare de bombardear Gaza e comece a tratar os árabes da região com dignidade, fariam melhor uso de seu tempo e de suas energias suplicando ao Hamas e seus congêneres a aceitarem a existência de Israel. Enquanto isso não acontecer, duvido da boa intenção desses “bons moços”.

Sim, a situação dos árabes de Gaza e da Cisjordânia é lamentável e triste, muito triste. Mas não culpe Israel, que está somente em meio a uma luta vital pela sua sobrevivência, e usando todos os meios a seu alcance, como qualquer um faria para defender a própria vida. Culpe antes os árabes radicais e os bons moços do Ocidente, para quem o mundo seria melhor sem Israel. E, podem estar certos, Israel não vai morrer sem lutar.

Uma resposta para “O busílis da questão árabe-israelense”

  1. Texto inteligente.
    Só não entende quem não quer!
    Esqueceram ou nunca estudaram a história desse mundo nos últiimos cem anos!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.