Quanto vale um CEO?

A reportagem era sobre o retumbante sucesso do novo filme da franquia Marvel, primeiro filme a ultrapassar um bilhão de dólares de bilheteria no fim de semana de estreia.

Mas não poderia deixar de haver dois parágrafos com a “polêmica” criada pela “ativista” Abigail Disney, que sugeriu que parte dos ganhos do CEO da Disney deveria ser repartido com os funcionários que ganham menos. Abigail, como o sobrenome sugere, é herdeira do império Disney.

O que é o CEO de uma empresa? Gosto de compará-lo com um maestro. Eu não entendo nada de orquestra sinfônica, e fico confuso com a proeminência dada ao maestro. São para ele principalmente as palmas, é ele quem entra por último e para ele vai toda a deferência da plateia. E o cara não faz mais do que mexer um pauzinho no ar! Para o leigo, como eu, os músicos estão tocando sozinhos, e o maestro fica ali só fazendo aquelas piruetas.

Mas sabemos que não é assim. Cada músico ali pode ser um virtuoso de seu instrumento. Se não estiver ali o maestro, aquilo se transforma em uma cacofonia insuportável. Basta ouvir o momento da afinação dos instrumentos, antes do início da peça. O maestro junta as peças em um todo harmonioso, que pode chegar a fazer inveja aos anjos. Mérito dos instrumentistas? Sim, mas, principalmente, mérito do maestro.

Assim também em uma empresa. São poucos, muito poucos, no mundo, que nasceram para serem CEOs de sucesso. Não é nada fácil ficar mexendo o pauzinho no ar, e a empresa funcionar como música. É preciso capacidade de liderança, visão, formação de equipes que funcionem e entreguem resultados. Não é fácil. Não é nada fácil.

Bob Iger, CEO da Disney desde 2005, liderou as aquisições da Pixar, Marvel e Lucas Films, criando um império de franquias cinematográficas. As ações da Disney valiam US$20 quando Iger assumiu, e ontem fecharam a quase US$140. Sete vezes mais, uma valorização de mais de 15% ao ano nesse período. Em dólares. Para comparação, o S&P500 valorizou-se 140% no mesmo período, ou 6,7% ao ano.- Ah, mas o mérito é de todos os funcionários, que deveriam receber mais pelo seu trabalho.

Com todo respeito aos funcionários da Disney, todos eles muito simpáticos e trabalhadores, atendentes de bilheteria se encontram aos milhões em todo o mundo. Inclusive, tem muito filho da classe média brasileira que daria o dedo mindinho pra trabalhar uma temporada nos parques Disney. Basta ver o concorrido processo de seleção para summer job. Agora, um CEO como Bob Iger, que cria valor para os acionistas e mantém milhares de empregos bem remunerados, trata-se de uma agulha no palheiro. E sim, 15 dólares/hora é um senhor salário, mesmo nos EUA. Quantos no mundo não adorariam ganhar uma fração disso?

Abigail Disney é “cineasta”, e dedica sua filmografia a “temas sociais”. Sua fortuna é avaliada em meio bilhão de dólares, o que deve bastar para financiar sua “luta”. Pelo menos enquanto Bob Iger continuar trabalhando para gerar os lucros que a sustentam.

Reserva de mercado para o cinema nacional

Tem um mimimi rolando sobre o número de salas exibindo o mais novo filme da Marvel. Parece que são 80% das salas ou algo assim.

Fui tentar comprar para o meu filho ontem, domingo, para o próximo sábado (6 dias de antecedência, portanto), e só havia lugar carne-de-pescoço. Ele falou pra comprar assim mesmo, que ia assistir nem que fosse sentado no chão.

Vamos supor que houvesse uma lei impondo uma cota para filmes nacionais. Por exemplo, 50% das salas. Portanto, Vingadores somente poderia ocupar os outros 50%. Uma redução de 37,5%. O que aconteceria?

Provavelmente duas coisas:

1. O tempo de exibição de Vingadores seria aumentado em 60%, para compensar a redução e acolher todos os que desejam ver o filme. O efeito final seria o mesmo.

2. Os exibidores teriam prejuízo, pois provavelmente os restantes 50% permaneceriam vazios por mais tempo. Para compensar esse prejuízo, os preços dos ingressos provavelmente seriam majorados, o que diminuiria ainda mais o fluxo de visitantes nos cinemas para os filmes nacionais.

Então, meu conselho para os produtores e artistas do cinema nacional é o seguinte: aceitem a lei da oferta e demanda, dói menos. Qualquer tentativa de criar demanda artificial sempre tem consequências não intencionais que acabam prejudicando os próprios interessados.

A lei da gravidade da economia

“A livre iniciativa e a livre concorrência não possuem valor absoluto na ordem jurídica e podem ser relativizados para a salvaguarda de outros valores constitucionalmente protegidos”.

Entre estes outros “valores constitucionalmente protegidos”, segundo a PGR, estão a “dignidade humana” e a “valorização do trabalho”.

Com base nisso que vai acima, estão liberados todo e qualquer tabelamento de preços e salários. Afinal, quem disse que apenas os caminhoneiros estão tendo sua “dignidade humana” vilipendiada, ou tendo o seu trabalho “desvalorizado”?

Não existe “meia” livre iniciativa, assim como não existe “meia” gravidez. No momento que se assume que o Estado pode regular a lei da oferta e da demanda, está aberta a caixa de Pandora do autoritarismo. Ou, no mínimo, a criação de distorções do sistema de preços, que resultam, invariavelmente, em menor crescimento econômico. A história está repleta de exemplos.

Volte para a primeira frase e troque “livre iniciativa” por “lei da gravidade”. A lei da oferta e da demanda é a lei da gravidade da economia.

Quem inaugurou o populismo?

Era uma vez um país maravilhoso, uma verdadeira ilha de prosperidade, onde seus impolutos dirigentes, verdadeiros democratas, olhavam somente para as verdadeiras necessidades do povo e, por isso, tomavam decisões que beneficiavam não somente a geração presente (que vota), mas todas as gerações futuras (que ainda não votam).

Como dizia, era um país maravilhoso. De repente, não se sabe de onde, surgiu uma horda de bárbaros populistas, ameaçando de morte as sacrossantas instituições democráticas daquele país. Vieram essas hordas do espaço sideral, pois nada nesse país maravilhoso poderia justificar o seu surgimento.

Essa é mais ou menos a conclusão que tirei da entrevista com o “cientista político” alemão que está lançando o livro “O Povo Contra a Democracia”. Ele coloca Bolsonaro como o marco inaugural do populismo no Brasil e nem fica corado. O que me faz crer que, no mínimo, não fez direito seu trabalho de pesquisa.

Se tivesse gastado um pouco mais de tempo com o Brasil, o cientista alemão teria concluído, como ele mesmo diz, que Bolsonaro representa apenas a segunda geração de populistas que tomam conta do Brasil. A primeira já fez um excelente trabalho de desconstrução das instituições democráticas.

Ao lulopetismo se podem atribuir todas as acusações que o cientista alemão fez a Bolsonaro. No quesito “populismo”, Bolsonaro precisa ainda comer muito arroz com feijão para chegar ao nível de Lula e sua trupe. Ele está se esforçando, é verdade, mas ainda é um pequeno aprendiz nesse campo em que Lula é o mestre.

Estatísticas futebolísticas

Neste fim de semana começa mais um Brasileirão. Será o de número 17 depois da adoção do sistema de pontos corridos. Uma vantagem desse sistema, entre muitas outras, é a possibilidade de levantar estatísticas. Fiz algumas por curiosidade.

O ranking de pontos nas primeiras 16 edições do campeonato é o seguinte:

  1. São Paulo: 1.008 pontos
  2. Cruzeiro: 963 pontos
  3. Santos: 934 pontos
  4. Corinthians: 900 pontos
  5. Flamengo: 894 pts
  6. Internacional: 888 pts
  7. Fluminense: 865 pts
  8. Grêmio: 851 pts
  9. Atlético-MG: 831 pts
  10. Palmeiras/Atlético-PR: 808 pts
  11. Botafogo: 730 pts
  12. Vasco: 654 pts

Observação importante: ajustei o número de pontos pelo número de jogos, pois os primeiros 3 campeonatos tiveram mais do que 20 clubes participantes, o que permitiu que os melhores nesses anos acumulassem mais pontos que os demais.

Algumas equipes não participaram de todos os campeonatos, As únicas equipes que participaram de todos os certames foram São Paulo, Cruzeiro, Santos, Flamengo e Fluminense.

Como algumas equipes não participaram de todos os certames por terem sido rebaixadas, calculei a média de pontos por campeonato em que cada equipe efetivamente participou. O ranking neste quesito é o seguinte:

  1. São Paulo: 63,0 pts
  2. Grêmio: 60,8 pts
  3. Cruzeiro: 60,2 pts
  4. Corinthians: 60,0 pts
  5. Internacional: 59,2 pts
  6. Santos: 58,4 pts
  7. Palmeiras: 57,7 pts
  8. Flamengo: 55,9 pts
  9. Atlético-MG: 55,4 pts
  10. Fluminense: 54,1 pts
  11. Atlético-PR: 53,9 pts
  12. Botafogo: 52,2 pts
  13. Goiás: 51,5 pts
  14. Vasco: 50,3 pts

Algumas equipes participaram de apenas um campeonato: América-RN (2007), Joinville (2015), Ipatinga (2008) e Santo André (2009).

O departamento de estatísticas inúteis fica por aqui. Boa noite.

A voz do condenado

Tive o desprazer de assistir (sim, assistir, porque filmaram) um trechinho da entrevista do Lula. Foi sem querer, foi daqueles vídeos que você recebe no WhatsApp e não sabe o que é a princípio.

A quantidade de mistificações por segundo me deu azia, mas pelo menos foi útil pra lembrar porque votei no Bolsonaro no 2o turno.

PS: não vou postar nem muito menos analisar fala do Lula aqui. É um absurdo um condenado e preso por corrupção ter voz ativa na política nacional. Não vou compactuar com isso.

Falta um Lula

A sorte da esquerda brasileira foi o surgimento de um Lula. Pragmático, centralizador, com uma sede de poder inigualável, Lula fez o diabo para chegar e se manter no poder.

Falta um Lula ao Podemos da Espanha.

O partido se esfacelou após várias brigas internas, enquanto seu fundador tirava 3 meses (3 meses!) de licença-paternidade. Nada mais coerente com o discurso de “direitos sociais”, nada mais ridículo para quem se propôs tomar o poder.

O Podemos continua contando com o voto de “estudantes” de ciências sociais de 30 anos de idade. Mas sem um Lula, não vai conquistar o voto da classe média que trabalha e produz a riqueza do país.

O PT sem Lula é um Podemos. Destinado a esfacelar-se, perdido em lutas internas, com a atuação de um grêmio estudantil, contando com o voto de “estudantes” de 30 anos de idade. Por isso o desespero do partido em manter Lula vivo. Lula é a única coisa que mantém o PT vivo.

P.S.: A ameaça da política espanhola agora é o “ultradireitista” Vox. Não, você não vai ver o Podemos ser chamado de “ultraesquerdista”. Para a imprensa, não existe partido ultraesquerdista.

O exemplo vem de baixo

O presidente dos Correios é contra a privatização. Ele dá como exemplo a Argentina.

No nosso vizinho, os correios foram privatizados no governo Carlos Menen, para depois serem reestatizados por Nestor Kirshner.

Depois desse movimento e de muitos outros semelhantes, a Argentina se tornou um país próspero, a locomotiva da América Latina. Sigamos o exemplo da Argentina.