O absurdo do inquérito do STF

Janaína Paschoal descreve em poucos tuítes o absurdo que está se passando no STF hoje.

Mas fiquem sossegados os corações timoratos, que temem pelas instituições brasileiras: a Lei do Abuso de Autoridade não alcançará o Egrégio Colegiado.

1 x 0 para o time das estatais

O time reúne a nata do liberalismo. Só tem craque. Entra em campo como franco-favorito. Começa tocando a bola de lado, estudando o adversário. De repente, em um cochilo, leva um contra-ataque mortal e sofre um gol que ninguém esperava.

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1 x 0 para as estatais. A esta altura do jogo, a torcida já esperava a inauguração do placar pelo time liberal, mas nenhuma privatização foi feita ainda. E ainda por cima levamos esse gol.

Mas são só 20 minutos do 1o tempo, e nosso time é muito melhor. Certamente vamos virar o placar e ganhar de goleada. Don’t panic.

Win-Win

PS.: esse será o meu único comentário sobre o affair Janot-Gilmar. Só em república bananeira um troço desses chacoalha as bananas.
PS 2.: sigam @FriedHardt no Twitter. É o perfil mais engraçado que conheço.

Desoneração seletiva

O efeito final dessa medida será a redução da renda média do trabalhador. Empregos de 1,6 a 2.0 salários mínimos sumirão da prateleira. E não, não haverá fomento ao emprego, apenas à formalização do emprego já existente.

A grande verdade é que os encargos sobre a folha derivam das distorções do Estado de Bem-Estar Social. A reforma da Previdência foi apenas um primeiro tímido passo, em um país que gasta em previdência o mesmo que o Japão, que tem o dobro da população de idosos. Enquanto continuarmos tentando emular a Suécia, qualquer solução será sempre uma gambiarra que introduz mais e mais distorções na economia.

E antes que me lembrem que o Brasil padece de falta e não de excesso de bem-estar social, pergunto: a quem o Estado de Bem-Estar Social brasileiro atende?

Homicídios e prisões

A média brasileira é de 29 assassinatos por 100 mil habitantes. Isto significa que, se o Brasil tivesse a média de São Paulo, haveria 13 mil homicídios por ano, contra 60 mil atualmente. Seriam poupadas 47 mil vidas anualmente.

São Paulo tem aproximadamente um terço da população carcerária brasileira, sendo que representa apenas 21% da população total.

Fica o registro.

Contradições do capitalismo

Milhares de jovens protestando ao redor do mundo contra as mudanças climáticas.

Milhares de jovens reunidos no Rock In Rio, evento que deve ter uma pegada de carbono do tamanho do Corcovado.

E a Globo News cobrindo ambos os eventos com o mesmo entusiasmo.

Deve ser a isso que chamam de Contradições do Capitalismo.

As universidades públicas e o nosso dinheiro

Um artigo defendendo a excelência das universidades públicas paulistas e seu impacto positivo sobre a economia do Estado.

Os exemplos utilizados são dignos do debate raso do Congresso: as universidades sustentariam um ecossistema de bares e barbeiros no interior de São Paulo, por isso seriam importantes.

Obviamente, outros efeitos mais fundamentais para o desenvolvimento do País são atribuídos às universidades paulistas, como o estabelecimento de polos tecnológicos e a produção acadêmica. Mas quis chamar a atenção para o efeito mais bizarro com o objetivo de colocar em cheque todo o raciocínio.

A questão de fundo não são os impactos em si. É óbvio que sempre alguma coisa boa é feita com o dinheiro. A grande questão é se este foi o melhor uso possível para o dinheiro do contribuinte. E, se sim, se este dinheiro está sendo usado de maneira responsável, ou se está sendo desperdiçado com políticas pouco racionais.

A discussão do uso alternativo dos impostos é mais complexa, necessitaria de estudos mais profundos. Mas o uso em si do dinheiro é o que está sendo questionado pela sociedade. A qual, afinal, é quem paga por tudo isso. O artigo urge por uma defesa da universidade pública, como se qualquer crítica ao desperdício fosse um ataque à própria existência da universidade. Não se está discutindo usos alternativos dos recursos, mas o seu uso mais racional. Ainda que a discussão sobre usos alternativos fosse também bem-vinda.

O argumento dos barbeiros e bares baseia-se na mesma falácia de sempre: o Estado seria um criador de riqueza. Como se o dinheiro usado para sustentar a Universidade fosse criado “out of thin air”, como dizem os americanos. Não. Para sustentar a Universidade, é preciso tirar o dinheiro de outra atividade econômica, talvez mais produtiva.

Ainda bem que foi um professor de Química que escreveu, não de Economia. Assim, está perdoado.