Nas mãos erradas

Um brasileiro está preso no DOPS venezuelano.

O apoio do PT ao regime de Maduro é só mais uma evidência de que intelectuais e militantes petistas condenavam o DOPS brasileiro não porque se tratasse de algo desumano, mas porque estava nas mãos erradas.

Aposta de risco

Do calendário de manifestações recém divulgado pelo PT, o evento mais importante ocorrerá no dia 25/01: a confirmação da candidatura Lula, independentemente do resultado do julgamento.

Pelo visto, o PT já tomou a decisão estratégica que vai moldar o partido nos próximos anos: trocará um candidato nanico com chances nulas de ser eleito por uma lenda que, qual um El Cid tupiniquim, será levado morto sobre seu cavalo para lutar uma batalha perdida.

Não se trata de uma decisão fácil nem óbvia. Não contar com um candidato a presidente nem participar de coligações significa quase certamente uma bancada no Congresso muito menor que a atual. O PT opta, assim, por plantar uma narrativa de longo prazo, em troca de perdas eleitorais de curto prazo.

Claro, todo esse raciocínio parte do pressuposto de que a Lei da Ficha Limpa não será rasgada, como o foi, por exemplo, a lei do impeachment quando da manutenção dos direitos políticos da presidenta cassada. Talvez o PT esteja apostando nisso, o que não seria uma surpresa, dado o desprezo que o partido dedica às instituições.

De qualquer forma, trata-se de uma aposta de risco, mas talvez a única que tenha restado ao outrora maior partido de esquerda deste planetinha.

Prefiro a minha parte em dinheiro

Em artigo no Valor de hoje, o presidente do IPEA saúda “A Revolução Silenciosa da Governança das Estatais”. Seu ponto é que, agora, será muito mais difícil fazer rapinagem nas estatais. Ou, em uma versão mais benevolente, usar as estatais para fins políticos.

É óbvio ululante que a privatização é a medida mais eficaz para o saneamento das estatais. Mesmo porque, são tantas as amarras para se evitar a rapinagem, que a simples existência da estatal perde o seu sentido econômico.

O presidente do IPEA até reconhece isso no artigo, ao dizer que “a privatização das estatais traz maior transparência, equivalência e efetividade no pagamento de tributos e accountability das suas atividades”. Mas o sujeito não resiste e acrescenta: “No entanto, em alguns casos, manter empresas controladas pelo Estado é relevante, em razão da natureza essencialmente social dos serviços ofertados, típicos de Estado”.

Bem, não consigo pensar em nada com mais “natureza essencialmente social” do que alimentação, saúde, educação e segurança pública. Esses últimos três estão na mão do Estado, e são o descalabro conhecido. E me recuso a imaginar os efeitos da existência de uma grande estatal de alimentação.

Bancos, petróleo, satélite artificial e uma grande lista de etceteras não parece cumprir a “natureza essencialmente social” para justificar a existência de estatais. Mas o presidente do IPEA encerra o artigo justificando tudo: segundo ele, “está-se construindo um novo Brasil por meio do capitalismo democrático de mercado”. Como se “a nova governança das estatais” estivesse finalmente tirando essas estrovengas das mãos dos políticos e devolvendo-as para o povo.

Prefiro a minha parte em dinheiro mesmo.

Temporada de frases óbvias

A partir de amanhã, fica oficialmente aberta a temporada de frases óbvias sobre o trânsito.

“Levei 15 minutos para chegar aqui. Normalmente levo 40 minutos!”

“Ah, se todo dia fosse assim!”

“A cidade fica ótima sem trânsito.”

A temporada termina quando se encerrarem as férias escolares.