Moto-perpétuo

O Dieese descobriu o moto-perpétuo! O aumento nominal do salário mínimo não só faz o PIB crescer como faz aumentar o superávit das contas públicas!

Fosse assim tão fácil, por que não dobrar ou triplicar o salário mínimo? Como já disse alguém, se só dependesse da caneta, não haveria país pobre no mundo.

Afinal, por que esse “estudo” do Dieese não vale o papel onde foi publicado? Simples: ajustar o salário mínimo significa somente passar o dinheiro de um bolso para o outro. Mais especificamente dos lucros para os salários.

– Ah, mas é melhor o dinheiro na mão dos trabalhadores do que na mãos dos empresários. Isso aumenta o consumo, que move a economia.

Seria verdade se fosse verdade. Se a produtividade do trabalho não aumentar, esse aumento de custo afeta negativamente a decisão de produção do empresário. No final, o dinheiro na mão do trabalhador vira inflação e não consumo.

Fora as distorções causadas pela imposição de um salário mínimo incompatível com a produtividade geral da mão-de-obra, o que empurra grande parte da força de trabalho para a informalidade, principalmente os mais jovens. Não tenha dúvida: uma parcela relevante do desemprego da juventude é causada pela existência de um salário mínimo. Outra parcela é a própria legislação trabalhista.

Então, toda vez que você ler estudos desse tipo, simplesmente ignore. Não existe o moto-perpétuo, esta é a triste realidade da vida.

O índice de Gini dos campeonatos europeus

Sempre me intrigou a dominância de meia dúzia de times no futebol europeu. Real Madrid, Barcelona, Bayern, Manchester United, enfim, se fizermos uma pesquisa com pessoas comuns, que não acompanham o futebol europeu de perto, provavelmente não chegaremos a mais do que 10 times. Será esta somente uma impressão, ou de fato o futebol europeu é meio enfadonho, com os mesmos times sempre ganhando os títulos?

Para tirar essa dúvida, fiz um levantamento simples desde 2003 (primeiro ano de pontos corridos do campeonato brasileiro) até 2018, dos times que chegaram entre os 4 primeiros de cada campeonato nacional. No caso do campeonato brasileiro, o resultado foi o seguinte: 15 times diferentes chegaram entre os 4 primeiros lugares nesses últimos 16 anos. São Paulo (9 vezes) lidera este ranking, seguido de Grêmio (8 vezes), Santos, Palmeiras, Corinthians e Cruzeiro (6 vezes), Flamengo e Internacional (5 vezes), Fluminense (4 vezes), Atlético-MG (3 vezes), Atlético-PR (2 vezes) e Vasco, São Caetano, Goiás e Botafogo (1 vez).

Fiz o mesmo levantamento para os times dos campeonatos europeus.

No caso do campeonato espanhol, 13 times chegaram entre os 4 primeiros nos últimos 16 campeonatos. Não muito diferente do campeonato brasileiro, com 15 times. Mas a distribuição é bem diferente. O Real Madrid, por exemplo, chegou entre os 4 primeiros em TODAS as últimas 16 edições do campeonato espanhol. O Barcelona, em 15 edições. Essas duas equipes principais foram seguidas de longe por Valência e Atlético de Madrid, com 8 edições cada. As próximas equipes foram Villarreal e Sevilla, com 4 edições cada, e as seguintes só aparecem uma vez. Ou seja, o campeonato espanhol, na prática, só tem 4 equipes que importam, o resto é coadjuvante.

O campeonato italiano é ainda pior. Somente 11 equipes conseguiram chegar nas 4 primeiras posições do campeonato nos últimos 16 anos, sendo que 4 dominaram em relação às demais: Juventus (12 vezes), Internazionale (11 vezes), Milan e Roma (10 vezes cada). As equipes seguintes aparecem de 6 vezes para baixo. Sem contar que a Juventus ganhou os últimos 7 campeonatos. Quer coisa mais monótona?

Na Alemanha, o campeonato é dominado por um time: Bayern Munich, que aparece entre os 4 primeiros lugares em todas as últimas 16 edições do campeonato. Depois do Bayern, a coisa fica mais equilibrada: Schalke 04 (9 vezes), Borussia Dortmund (8 vezes), Bayern Leverkussen (7 vezes) e Werder Bremen (6 vezes) se revezam entre os 4 primeiros. 13 times chegaram na frente nos últimos 16 anos.

Na Inglaterra, somente 9 times chegaram entre os 4 primeiros nos últimos 16 anos, sendo que o campeonato é dominado por 3 equipes: Arsenal (14 vezes), Manchester United e Chelsea (13 vezes). O Manchester City é uma estrela em ascensão, tendo chegado 8 vezes entre os 4 primeiros, mas essas 8 vezes foram exatamente nos últimos 8 anos. O Liverpool também chegou 8 vezes, mas suas glórias estão mais no passado. E acabou o futebol inglês.

Finalmente, na França, 14 equipes chegaram na frente nos últimos 16 anos, mas o campeonato é dominado por um time, o Lyon, que chegou entre os 4 primeiros em 15 edições. Segue o líder o Paris Saint-German e o Marseille (9 vezes), o Monaco (8 vezes) e o Lille (6 vezes). O PSG, a exemplo do Manchester City na Inglaterra, é uma estrela em ascensão: das 9 vezes que chegou na frente, 8 vezes foram nos últimos 8 anos.

O campeonato argentino é mais parecido com o nosso. Também 15 equipes chegaram entre os 4 primeiros nos últimos 16 anos, e o equilíbrio é maior. O líder é o Boca Junior (10 vezes), seguido de San Lorenzo e River Plate (8 vezes), Estudiantes (7 vezes) e Vélez Sarsfield e Lanús (6 vezes).

Mas como comparar estes números entre si e descobrir quais são os campeonatos mais “concentrados”? Para fazer este índice de “concentração de renda”, calculei o índice de Gini de cada campeonato. O índice de Gini é um número que vai de 0 a 1, sendo que 0 é a distribuição mais perfeita (todos ganham de maneira igual) e 1 é a distribuição mais imperfeita (um ganha tudo e o resto não ganha nada). Os índices de Gini dos diversos campeonatos é o seguinte:

  • Brasileiro: 0,53
  • Argentino: 0,56
  • Alemão: 0,62
  • Francês: 0,66
  • Italiano: 0,70
  • Espanhol: 0,73
  • Inglês: 0,77

Fiz o mesmo cálculo para a Liga dos Campeões da Europa e para a Taça Libertadores da América:

Liga dos Campeões: 0,70

Taça Libertadores: 0,35

No caso da Taça Libertadores, nada menos do que 38 equipes diferentes chegaram entre os 4 primeiros nas últimas 16 edições do torneio. O que lidera, Boca Juniors, aparece somente 7 vezes, seguido de São Paulo e River Plate (5 vezes), Santos e Grêmio (4 vezes), Internacional e Guadalajara (3 vezes), Nacional e Universidad de Chile (2 vezes) e o restante apenas uma vez. Trata-se de um campeonato muito equilibrado, muito difícil de apostar em um vencedor, ao contrário da Liga dos Campeões, onde os mesmos disputam sempre.

Ok, vou concordar que o que vai acima é de uma inutilidade atroz. Mas, fica aqui uma pergunta para os apreciadores do esporte: por que os campeonatos na Europa são mais “concentrados” do que os campeonatos na América do Sul?

Petista-com-quem-se-pode-conversar

Quem escreveu este trecho de um artigo publicado hoje?

a) Gleisi Hoffman

b) Lindbergh Farias

c) Waddih Damous

d) Roberto Requião

e) Nelson Barbosa

Se você cravou o nome de qualquer um dos 4 primeiros você errrrrrooooouuuuu!

O autor do trecho acima é o super ponderado, democrata, petista com-quem-se-pode-conversar, Nelson Barbosa. Se você ainda acha que dá pra conversar com esse nível de desonestidade intelectual, me desculpe, mas você está no mundo da Lua.

O peso da palavra do presidente da República

Ainda sobre a fala de Bolsonaro criticando o aumento da alíquota de 11% para 14% dos funcionários públicos de alguns Estados e municípios.

Imagine você sendo o prefeito de São Paulo. Depois de uma longa batalha legislativa, com direito a briga de rua, consegue aumentar a alíquota de contribuição dos servidores públicos municipais de 11% para 14%. Não se trata de uma escolha sádica, pelo puro prazer de ferrar a vida das pessoas. Foi a única forma encontrada para fechar as contas. Quer dizer, há outras, como aumentar os impostos de toda a população ou cortar verbas de outras áreas. A solução de aumentar as alíquotas para pagar o rombo do sistema previdenciário pareceu a forma mais justa.

Aí vem o presidente da República, e diz que 14% é um exagero, que 11% está de bom tamanho. Por que 11%? Por que não 8% ou 5%? De onde saiu o número mágico de 11% ser justo, enquanto 14% é demais? E mais. Qual a sugestão do presidente para que o prefeito de São Paulo possa equilibrar o sistema previdenciário sem aumentar a alíquota? Que medidas o presidente sugere ao prefeito? Ou fez simplesmente uma declaração populista vazia? Fosse eu o prefeito de São Paulo, estaria agora dizendo que aceitaria voltar com a alíquota de 11%, desde que o governo federal complementasse os outros 3%.

O presidente Bolsonaro precisa entender o peso da faixa que tão orgulhosamente vestiu no dia primeiro. Suas palavras têm peso e influenciam políticas públicas. Simplesmente dizer que “não é justo” não resolve os problemas. Se continuarmos nessa toada, vamos mal, muito mal.

Minha aposentadoria primeiro

Primeiro, foi o “Plano B” de Paulo Guedes.

Agora, a proposta de idade mínima menor para a aposentadoria, idades mínimas diferentes por profissão e a crítica ao aumento da alíquota de contribuição do funcionalismo, por parte do próprio Bolsonaro.

A reforma da Previdência começa seu lento caminho em direção ao topo do telhado.

Brasil acima de tudo, Deus acima de todos, e minha aposentadoria primeiro.

O fim do Ministério do Trabalho

Algumas associações de advogados trabalhistas entraram no Supremo contra a extinção do ministério do Trabalho.

Muito justo.

Afinal, esse é mais um passo no desmonte da estrutura que mantinha os empregos dos advogados trabalhistas. E advogado trabalhista sem trabalho é muito triste.