Privilégios

Bombeiro, policial militar, professor, precisam parar de se achar os únicos sofredores do mundo.

O pedreiro, que fica quebrando laje e assentando tijolo o dia inteiro, também tem um trabalho sofrido.

A empregada doméstica, que sai de madrugada de casa e tem uma jornada extenuante na casa dos patrões, incluindo aguentar os fedelhos impertinentes, também tem um trabalho sofrido.

A enfermeira, que se expõe aos mais diversos tipos de doença e precisa lidar com a má vontade de pacientes e familiares, também tem um trabalho sofrido.

Enfim, poderia aqui continuar indefinidamente com uma lista de profissionais que trabalham em atividades insalubres e, nem por isso, contam com os PRIVILÉGIOS de terem salários maiores que a média nacional, estabilidade no emprego e aposentadoria mais cedo que todo mundo.

Eu sim sou privilegiado. Eu sim, trabalho no ar condicionado em uma atividade intelectual. Mas, não se engane: não serei somente eu a transferir meus privilégios para policiais militares, bombeiros e professores. É às custas do pedreiro, da empregada doméstica, da enfermeira que as categorias PRIVILEGIADAS do funcionalismo público manterão seus PRIVILÉGIOS.

São os mais pobres, sempre, que pagam o pato.