Estratégica para quem?

Caraca! O BB paga um bônus especial para altos executivos que PEDEM DEMISSÃO!!!

Em qualquer lugar do planeta, se você pede demissão, assume o ônus da decisão, sai somente com os direitos trabalhistas e olhe lá. Mas não no BB. Naquela ilha da fantasia, se um diretor pede demissão, leva pra casa um polpudo “chequinho de saída”. É do balacobaco.

Isso é o que se tornou público. Fico imaginando o que não sabemos a respeito dos salários e benefícios nas estatais brasileiras.

Sem dúvida, as estatais são estratégicas. Principalmente para os seus funcionários.

Restrição de poder

Em economia existe um negócio chamado “restrição orçamentária”, que significa mais ou menos o seguinte: você só pode gastar o dinheiro que você tem. Qualquer outro dinheiro terá que ser tomado emprestado. Trata-se de uma lei tão concreta quanto a lei da gravidade.

A esquerda costuma se insurgir contra esse negócio. No discurso da esquerda, é comum ouvir-se que basta “vontade política” para que o dinheiro surja com em um passe de mágica. Então, tudo é prioridade: saúde, educação das crianças, universidades, aposentadorias, tem que ter dinheiro pra tudo. A restrição orçamentária seria só uma desculpa daqueles que estão se locupletando com a situação, que não querem perder seus privilégios. Alguém com verdadeira “vontade política” colocaria as coisas nos seus devidos lugares. Vimos que, quando a esquerda chegou ao poder, não houve “vontade política” que fosse capaz de revogar a restrição orçamentária.

Pois bem.

Temos um fenômeno semelhante na política. Vou chamá-lo de “restrição de poder”. A restrição de poder consiste no fato de que ninguém é capaz de exercer o poder sozinho. O poder deve sempre ser compartilhado. Em nosso arranjo constitucional, por exemplo, o poder Executivo é exercido pelo presidente e o poder Legislativo é exercido pelo Congresso, ambos legitimamente escolhidos em eleições que seguem determinadas regras. Nesse arranjo, o poder Executivo até sugere mudanças nas leis, mas quem tem a caneta para aprovas as leis é o poder Legislativo. Para que o poder Executivo consiga fazer aprovar as suas sugestões no Congresso, deve repartir o seu poder com os congressistas, os donos da caneta. É assim que funciona a “restrição de poder” no Brasil e em grande parte das democracias.

Há pessoas de muito boa vontade que se insurgem contra essa restrição. Para elas, bastaria “vontade política” para que a restrição de poder simplesmente desaparecesse. Bolsonaro encarnaria essa “vontade política”.

Não, a “restrição de poder” não vai desaparecer, assim como a “restrição orçamentária” não vai desaparecer. Existe restrição de poder inclusive em ditaduras. Que o diga Maduro, que precisa repartir o butim com os militares. Achar que “vontade política” irá isentar o Executivo de repartir o poder é uma ilusão. A mesma que acomete a esquerda quando ignora a “restrição orçamentária”.

O Centrão é o atual demônio da política brasileira, o conjunto de deputados que impede o governo de governar para o bem do Brasil. O curioso é que o Centrão não é oposição. Oposição é aquela parcela de deputados que não está disposta a negociar pedaços de poder em troca de apoio. Se o Centrão fosse oposição, não estaríamos perdendo nosso tempo discutindo. Não vejo ninguém protestando contra os 140 deputados do PT, PDT, PSOL. O alvo dos protestos é o Centrão. E por que?

Porque, por algum motivo, exige-se do Centrão apoio sem compartilhamento de poder. Mas isso vai contra a lei da “restrição de poder”. Não tem porque o Centrão votar com o governo se não é sócio do governo. Essa é a restrição. E não tem “vontade política” que dê jeito nisso.

Fora da política não há salvação

“Ele sangrou por ti!”

Quem me acompanha sabe que afirmei várias vezes que o petismo havia se tornado uma seita, no sentido de formar um grupo de iniciados que idolatram um messias e rechaçam qualquer crítica como se fosse uma heresia.

Pois bem, essa convocação confirma o que já vinha ficando claro há algum tempo: os bolsonaristas estão também formando uma seita. Lançam seus “fatwa” sobre todos aqueles que ousam sair um milímetro que seja da fidelidade devida ao seu mestre. A lista é longa, e inclui desde aliados de 1a hora até expoentes da direita brasileira. Todos uns traidores.

Tenho acompanhado as redes bolsonaristas, até para entender o que se passa. Existe uma ilusão de que Bolsonaro será capaz, com a força do “povo” nas ruas, dobrar o Congresso para aprovar a sua pauta. O mesmo “povo” que era monopólio da outra seita, o petismo. Deu no que deu.

Lamento trazer más notícias: não tem o mínimo risco de dar certo. Achar que aquele povo todo que saiu nas ruas para pedir o impeachment da Dilma vai serrar fileiras em torno de Bolsonaro é uma ilusão de ótica. Ser contra o PT não é o mesmo que ser a favor de Bolsonaro. São duas coisas, aliás, bem diferentes.

Neste caso, estou com a Janaína, a próxima, provavelmente, a ser alvo de um fatwa: não faz sentido uma manifestação a favor do governo. Isso é coisa de chavista, de peronista, de petista.

O governo tem em mãos todos os instrumentos de poder dentro dos limites de uma democracia, onde o presidente não é o dono da verdade, o possuidor da chave do bem e do mal, o messias. Ele só precisa fazer política. Não a “nova” ou a “velha”, apenas política.

“Ele sangrou por ti!”. Uma mensagem messiânica, não política. E fora da política, não há salvação.

Arrependimento

Arrependo-me do meu voto no 2o turno? Não. Do outro lado estava o PT. Teríamos saudades do dólar a R$4.

Não posso criticar por ter votado em Bolsonaro? Posso. Não fui o responsável por termos no 2o turno a escolha entre a panela e a frigideira.

Só poderia criticar se tivesse anulado meu voto? Não. Quem anulou o voto apenas deixou a decisão para os outros. Ajudou a eleger o coiso do mesmo jeito.

Mesmo sabendo o que já sabemos, teria votado novamente? Sim. Do outro lado estava o PT.

Tenha sempre em mente: Bolsonaro é obra do lulopetismo.

A degradação da cidade

O minhocão está sendo acusado de ter “degradado” o centro de São Paulo.

Quem passeia pela praça da Sé, largo de São Bento, Largo do Arouche, ou em qualquer outro ponto do centro da cidade verá regiões vibrantes, onde dá gosto passear. Por que? Porque essas regiões não foram “degradadas” pelo minhocão.

Estou sendo irônico, claro.

Estive em Tóquio uma meia dúzia de vezes, a trabalho. Tóquio é uma cidade muito populosa situada em um espaço muito apertado. Portanto, as vias de tráfego aéreo (vias como o minhocão) são muito comuns. Assim como são muito comuns os pontilhões por onde passam trens. Lá, a existência dessas estruturas não “degradou” a cidade. É muito agradável passear por Tóquio, mesmo próximo dessas estruturas.

Essa discussão me faz lembrar a polêmica sobre a lei “cidade limpa”. Segundo o então prefeito Gilberto Kassab, o motivo da cidade de São Paulo ser tão feia era a proliferação de outdoors e outros tipos de comunicação visual. Limpando tudo isso, a cidade ficaria muito mais bonita. Resultado: limpamos as ruas de toda a publicidade, e descobrimos uma cidade horrorosa por baixo. Não custa lembrar que Tóquio e Nova York são famosas por seus grandes painéis publicitários de neon. Continuam sendo cidades agradáveis.

Trabalho na Vila Olímpia, novíssimo centro financeiro de São Paulo. Quem anda pelo bairro vê fios elétricos no chão, calçadas quebradas, lixo na rua, um emaranhado de fios nos postes e, de vez em quando, cheiro de esgoto. Não precisa de um minhocão para degradar a paisagem.

Há algum tempo, uma reportagem do Estadão mostrava o estado lastimável da Praça Victor Civita, desde quando sua manutenção foi entregue para a prefeitura: pichações, banheiros quebrados, mato alto, insegurança. Não, não há um minhocão por perto que tenha degradado esta e várias outras praças municipais de São Paulo.

A degradação da cidade é o resultado da incompetência do poder público combinada com a falta de urbanidade dos seus moradores. A transformação do minhocão em uma praça não vai mudar essa realidade. E vai piorar muito o trânsito.

Lógica incompreensível

O território da Venezuela situa-se sobre as maiores reservas de petróleo do mundo. Maiores até do que as dos países do Oriente Médio. Mas falta gasolina nos postos de Caracas.

As gigantescas reservas de petróleo da Venezuela são comumente associadas à cobiça dos EUA, e motivo último de seus interesses sobre a região. Segundo a narrativa esquerdo-debiloide, os estadunidenses estariam interessados em implantar ali um governo-fantoche de modo a controlar as reservas. Por isso, estão estrangulando o regime chavista com um bloqueio econômico que está deixando à míngua a pobre população venezuelana.

A coisa não tem a mínima lógica. Senão, vejamos.

Apesar de estar sentada sobre as maiores reservas do mundo, as bombas de gasolina estão vazias. Por que? Ora, petróleo não é gasolina. É preciso encontrá-lo, tirá-lo da terra e refina-lo, em um processo industrial complexo, para que o ouro negro tenha alguma serventia. Caso contrário, só servirá para sujar as mãos de presidentes populistas em ridículas campanhas de “o petróleo é nosso”.

Pois bem. Para prospectar, extrair e refinar petróleo, são necessários capitais de risco. Como toda atividade econômica, a indústria de petróleo envolve riscos. Risco de encontrar poços vazios, risco da queda da produtividade de poços já funcionando, risco da demanda por combustíveis fósseis, risco do preço do petróleo no mercado internacional. Roberto Campos dizia que era uma imbecilidade colocar em risco o dinheiro dos impostos pagos pelos cidadãos em uma atividade que poderia muito bem ser financiada por capitalistas de risco. Mas enfim, essa foi a opção na maioria dos países. Em países desenvolvidos, como a Noruega, o dinheiro do petróleo foi usado para fazer uma poupança de longo prazo. Nos países cucarachos, foi gasto em uma orgia populista até o país quebrar, como foi o caso da Venezuela.

Como dizia então, para que o petróleo saia do solo e chegue aos tanques de combustível são necessários capitais. Capitais esses que, em um regime capitalista, estão nas mãos dos capitalistas de risco. Já em um regime socialista, os capitais têm origem nos impostos pagos pelos cidadãos. Ocorre que, como sobejamente sabido, os capitalistas são muito mais competentes no uso de seu próprio capital do que o Estado no uso dos impostos. Sem contar a corrupção do sistema.

Bem, a Venezuela optou por um regime socialista, e o petróleo é deles. Ao mesmo tempo, os chavistas culpam o bloqueio econômico duzamericanu pela situação de penúria do país, inclusive pela falta de gasolina. Ora, se os capitais estadunidenses não são bem-vindos, por que reclamar do bloqueio? O Estado venezuelano não teria capitais suficientes para produzir sua própria gasolina? Aqui reside a falta de lógica da argumentação esquerdista: ao mesmo tempo que rechaça o capital dos capitalistas, aponta o bloqueio econômico como fator fundamental para a penúria em que o país vive, ao não deixar entrar o capital que não é bem-vindo pelos venezuelanos. Vai entender! (Não vou aqui nem entrar no mérito dos capitais chineses que vêm sustentando a ditadura chavista. Afinal, imperialistas são os EUA).

Eu sei que tentar extrair alguma lógica de narrativa esquerdista é uma tarefa complexa. Mas não desistirei, continuarei tentando.

Os desafios da política

Bolsonaro distribuiu hoje a seus grupos no WhatsApp um texto de origem anônima. A sua distribuição pelo Presidente da República só tem duas interpretações: ou ele está preparando um golpe, ou está preparando a sua renúncia.

Vamos começar pelo que o texto tem de correto: de fato, o Brasil (e o governo) é refém de “corporações com acesso privilegiado ao orçamento público”. “Políticos, servidores-sindicalistas, sindicalistas de toga, grupos empresariais bem posicionados nas teias do poder” formam o grupo que impede o Brasil de ser “governado de acordo com o interesse dos eleitores”.

Sim, o Brasil é refém de corporações, que defendem com unhas e dentes o seu quinhão no orçamento. Mas o texto, a partir daí, é de um primarismo político que mostra o quanto Bolsonaro, ao divulgá-lo, não está preparado para a tarefa que o povo lhe delegou.

Segundo o texto, “Bolsonaro provou que o Brasil, fora desses conchavos, é ingovernável”. Sim, o Brasil é ingovernável quando o presidente age como um imperador, desprezando o fato incontornável de que, em um país com mais de 200 milhões de habitantes, há pessoas que pensam de maneira diferente da sua e de seu grupo. O Congresso nada mais é do que o espelho da sociedade: multifacetado, com interesses divergentes, e que precisa de um norte comum para caminhar para uma meta. Xingar constantemente seus adversários e, pior, seus potenciais aliados, não fará o Brasil ser mais governável. O sectarismo nunca será a melhor forma de lidar com a diversidade.

Há bandidos no Congresso? Com certeza. Assim como há bandidos nas Forças Armadas, entre os médicos, entre os advogados, entre os professores, no mercado financeiro, enfim, em todo lugar onde há seres humanos. Há gente boa no Congresso? Com certeza também! Mas Bolsonaro não parece interessado nisso. Sua “nova política” é basicamente enviar o que acha correto ao Congresso, e que este carimbe a vontade do imperador. Se não o faz, é porque está defendendo interesses inconfessáveis.

Por exemplo, o autor do texto diz que “nem uma simples redução do número de ministérios pode ser feita. Corremos o risco de uma MP caducar e o Brasil ser OBRIGADO a ter 29 ministérios e voltar para a estrutura do Temer”. Ora, e quem disse que a estrutura proposta por Bolsonaro é a melhor para o País? Por que o Congresso precisa aceitar aquilo que emana do augusto panteão da justiça? Bolsonaro não negocia, não tenta convencer. Sua tarefa se dá por cumprida ao enviar o texto para o Congresso, este que cumpra o seu dever e aprove a vontade do imperador. E ai se não aprovar. Restará provado que o Congresso, em nome das corporações, “quer, na verdade, é manter nichos de controle sobre o orçamento para indicar os ministros que vão permitir sangrar estes recursos para objetivos não republicanos”.

Pois é. O Congresso quer manter nichos de controle sobre o orçamento. No que está muito certo. Os imperadores Pedro I e Pedro II tinham o controle sobre o orçamento, e só a muito custo o Congresso conseguiu avançar sobre este controle que, de outra forma, seria exercido de maneira ditatorial por uma única pessoa.

E se o Congresso tiver uma ideia melhor? Afinal, foram tão eleitos quanto Bolsonaro. Ou Bolsonaro é sempre “do bem” e o Congresso é sempre “do mal”? Conhecemos um partido que se colocava como a quintessência da virtude e vimos onde fomos parar. Há interesses corporativos? Com certeza! Assim como há interesses legítimos. Cabe a um estadista separar o joio do trigo, negociando, cedendo, procurando soluções de compromisso. Chamar todo mundo fora de seu grupinho de ladrão não ajuda em nada, para dizer o mínimo.

O autor do texto faz uma confusão dos diabos ao tentar provar que o Brasil é “refém” das corporações, independentemente da coloração ideológica do presidente. Cita como exemplo o fato de FHC ter “liberado” o câmbio dois meses depois de reeleito, mesmo tendo prometido segurá-lo. Ora, soltar o câmbio foi uma necessidade matemática, as reservas internacionais tinham simplesmente acabado! Em que a liberação do câmbio em 1999 ajudou as corporações? Mistério. Outro exemplo: “Lula foi eleito criticando a política de FHC, mas fez a reforma da previdência e aumentou os juros”. Ora, o que isso tem a ver com as corporações? Na verdade, a reforma da previdência de Lula desafiou as corporações do funcionalismo público (houve até invasão do Congresso). E o governo Lula, após ter aumentado os juros, voltou a diminuí-los para patamares abaixo dos vigentes no governo anterior, menos de um ano depois da posse. Aumentou os juros para agradar as corporações e diminuiu os juros também para agradar as corporações? Mais um exemplo: “Dilma foi eleita criticando o neoliberalismo, e indicou Joaquim Levy”. Bem, Dilma indicou Levy apenas 4 anos depois de sua primeira eleição. E o fez porque o dinheiro simplesmente acabou. Onde estão as corporações aqui?

A ideia do autor anônimo é de que todos os presidentes estão fadados a cometerem estelionato eleitoral, independentemente de sua coloração ideológica, porque pressionados pelas corporações, os verdadeiros donos do Brasil. Ora, esse é um argumento pueril. Significa que as corporações se contradizem ao longo do tempo (por exemplo, são a favor da reforma da previdência com Lula e contra a reforma da previdência com Bolsonaro) só para mostrarem quem realmente manda no Brasil, mesmo que seus interesses sejam contrariados. Não faz o mínimo sentido.

O autor do texto agradece a Bolsonaro por ter provado “de forma inequívoca que o Brasil só é governável se atender o interesse das corporações”. Bem, e daí? Qual a solução? Como sair dessa armadilha? Bolsonaro era a promessa de sairmos dessa armadilha, não a promessa de constatarmos que a armadilha existe. Se não tem jeito de sair da armadilha, como afirma o autor do texto, então Bolsonaro é o cara errado no lugar errado. Restam apenas duas saídas: virar a mesa ou desistir. Não há uma terceira.

Resultados

Passou quase despercebido: a Assembleia Legislativa de São Paulo aprovou a extinção de 4 estatais paulistas.

João Doria fez política, tem uma base de apoio na Assembleia, e entregou resultados. Simples assim.