Trecho da entrevista de Marcos Lisboa ontem, no Estadão.
Assim como aprendemos a duras penas que não se vence a inflação congelando preços, estamos também aprendendo a duras penas que não saímos da armadilha do baixo crescimento econômico dando incentivos de curto prazo. Quer dizer, “estamos aprendendo” talvez seja uma expressão muito otimista.
Lisboa coloca dois exemplos: a Inglaterra de Thatcher e a Austrália. Na primeira, as reformas foram rápidas e dolorosas. Na segunda, lentas e mais palatáveis. Em ambos os casos, funcionaram para aumentar a produtividade da economia.
Não temos uma Thatcher tupiniquim, que aguenta firme mais de um ano de greve dos mineiros. Aqui, os governos fogem correndo para fazer tabelamento de fretes quando os caminhoneiros batem o pé. Greve de funcionalismo público, nem pensar.
Portanto, o ritmo das reformas será lento. Exasperadoramente lento. Macri está pagando o preço por ter optado por esse caminho.
“Faça alguma coisa!”, começam a gritar os agentes políticos. “Faça alguma coisa!”, Bolsonaro começa a dizer para o seu Posto Ipiranga. Desde raspar o tacho das estatais até liberar o FGTS, o super-ministro da economia vai mostrando que seus super-poderes são bem limitados.
13 milhões de desempregados urgem. Mas não há o que fazer. Assim como o congelamento de preços, incentivos de curto prazo introduzem distorções de médio prazo, em uma economia já cheia delas. É preciso perseverar nas reformas.