O que distingue o craque do medíocre

Leio no jornal hoje que Patrick de Paula pediu a Vanderlei Luxemburgo para bater um pênalti ontem na decisão. E não um pênalti qualquer, mas o último pênalti, que poderia ser o decisivo.

O garoto tem 20 anos. Ontem foi a primeira vez que o vi jogar. Pareceu-me seguro e com bom toque de bola. Mas, no Brasil, milhares de garotos têm bom toque de bola. Para ser um craque, é preciso mais do que isso. É preciso tomar risco. “Ter personalidade”, como diz o jargão do futebol.

Ao pedir para bater o 5o pênalti, Patrick mostrou que tem personalidade, que sabe tomar risco. A própria forma de bater o pênalti mostrou isso: na forquilha de Cássio, sem chance para o goleiro. Raras vezes vi um pênalti bem batido como esse. Mas é uma batida arriscada, a probabilidade de a bola sair por cima não é desprezível.

Patrick de Paula mostrou, no jogo de ontem, que pode se destacar no futebol. Pois, além do bom futebol, sabe tomar risco. E isso distingue o medíocre do herói.

Nota especial para Vanderlei Luxemburgo. Cabia a ele a decisão de quem iria bater o pênalti. Tomou o risco de entregar a responsabilidade para um garoto de 20 anos. Se Patrick perdesse o pênalti, a cobrança viria principalmente sobre o técnico, pois ele é o adulto na sala, aquele que decide com responsabilidade. Mas Luxemburgo confiou na sua avaliação, e tomou o risco. Mostrou porque, apesar de controverso, é um técnico incontestavelmente vitorioso.

Claro, nada disso estaria sendo escrito se Patrick perdesse o pênalti. Mas o sucesso é dos que se arriscam e não têm medo do fracasso. O “se”, agora, faz parte do passado. Patrick acertou o pênalti com maestria, e vai colher os frutos de sua ousadia.

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