A torcida organizada por Boulos

A coluna do filho da Miriam Leitão mal consegue esconder a torcida por Boulos.

O “maior fenômeno eleitoral de 2020”, na verdade, está se beneficiando dos órfãos do PT, que tiveram que engolir um candidato da velha guarda do partido. Tivesse o PT um candidato competitivo, o PSOL estaria agora amargando o 1% que sempre teve em São Paulo. E não digo nada se começar a perder eleitores quando o PT colocar sua máquina na rua e nas TVs.

Há alguns trechos curiosos na “análise”. O seu “poder de comunicação” estaria vencendo “o grande preconceito jogado (sic) contra ele”. O fato de o candidato invadir propriedade alheia não teria nada a ver com a rejeição (chamada de “preconceito”) do eleitorado. Na verdade, trata-se apenas de uma “tática controversa”, não de um crime. Afinal, “chama a atenção para o enorme problema do déficit habitacional”. Só falta dizer que assalto é uma tática controversa, mas pelo menos chama a atenção para o grave problema da distribuição de renda no país.

Segundo o analista político dos barzinhos da Vila Madalena, Boulos tem “raiz e base”, porque construiu meia dúzia de prédios em terrenos invadidos, usando dinheiro da prefeitura doado pelo Haddad.

Parece-me o justo oposto. Se fizermos uma enquete nas periferias, sou capaz de apostar meu dedo mindinho que grande parte da população é contra a invasão de propriedade alheia. Quem trabalha de sol a sol sabe quanto custa cada coisa que conquistou com o suor do seu rosto, e é muito cioso de sua propriedade. O MTST monta milícias que justamente “trapaceiam” aqueles que trabalham, pois privilegiam os que burlam a lei. O que está errado não está certo, e o povo sabe disso.

Boulos faz sucesso entre a intelectualidade romântica, aquela que não terá os seus apês de 200 m2 invadidos, mas são pródigos em lutar pela distribuição da propriedade… dos outros. Sua fala fácil e mansa conquista corações sensíveis e consciências pesadas. Será bem votado em bairros de classe média alta.

Na periferia, no entanto, o barbudinho não engana ninguém. Quem viver, verá.

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