Sexta-feira, antevéspera da eleição. No sprint final, continua o esforço por “normalizar” a candidatura do queimador de pneu em via de grande tráfego. Agora, são “empresários” que manifestam apoio.
Empresários são sujeitos práticos, que se interessam, antes de tudo, pelo sucesso de suas empresas. Se empresários estão apoiando Boulos, então trata-se de uma candidatura que tem consistência, nada radical. Essa é a mensagem.
Aí você vai ver a matéria do Valor. São três os “empresários” citados. O primeiro é Eduardo Moreira, ex-sócio de André Esteves no Pactual e que se “converteu” ao “capitalismo responsável socialmente”. Figurinha carimbada. Apresenta-se normalmente como “economista”, mas na reportagem virou “empresário”.
O segundo “empresário” é Paula Lavigne, que dispensa apresentações.
O terceiro empresário na verdade é um grupo, um tal de “empresas B”. Nunca tinha ouvido falar. Fui pesquisar. São empresas que defendem “um outro mundo possível”. Mãe Terra, por exemplo, é uma delas. Pra quem não conhece, fornece produtos orgânicos para descolados com muito dinheiro para gastar com comida. E por aí vai. É um outro mundo possível, desde que você possa pagar por ele.
Alguns nomes de “empresários B” aparecem na reportagem, mas são ilustres desconhecidos. Outros não aparecem por “questões de compliance”. Quase caí da cadeira de tanto rir. Apoiam o candidato, mas não podem aparecer apoiando o candidato. Muito útil esse apoio.
Trata-se claramente de uma não-noticia. Existe uma expressão em inglês que usamos quando uma pessoa tenta fazer algo, mas que é claramente insuficiente para atingir o seu objetivo: nice try.
Nice try, Valor.