Lula e Luíza

A Time incluiu a empresária Luiza Trajano, fundadora da Magazine Luíza, entre as 100 personalidades mais influentes do mundo. Ao que parece, é o único conterrâneo na lista este ano.

Assim como na escolha da “personalidade do ano”, a Time tem seus próprios critérios para escolher os 100 mais influentes. A capa, por exemplo, traz o príncipe Harry e sua esposa, Meghan. Devem estar no top influencer índex para merecerem a capa, o que nos dá uma ideia dos critérios. Mas não quero aqui passar a impresso de minimização do feito. Aparecer em uma lista global de top influencers, ainda mais estando em um país periférico como o Brasil, é para poucos. No entanto, o que me chamou a atenção foi outra coisa, que tem implicações políticas.

Cada personalidade tem um pequeno texto da revista, escrito por uma outra personalidade convidada. No caso de Luiza Trajano, o texto foi escrito pelo ex-hóspede da carceragem da PF, Lula da Silva.

Diz a assessoria de Luiza Trajano que não sabia quem escreveria o texto. Pode ser. De qualquer maneira, sempre se trata, no final, de uma escolha editorial da revista. Fico cá imaginando como chegaram ao nome de Lula para escrever o perfil da ex-presidente da Magazine Luiza. As notórias ligações de Luiza Trajano com a ex-presidente Dilma fariam da ex-presidenta um nome mais óbvio. Mas Dilma virou nome tóxico para a próxima eleição e Lula é quem é o candidato, não é mesmo? E quem será o vice de Lula? Estaria a Time antecipando a chapa?

Lula não decepcionou quem dele espera mistificações. Segundo o ex-presidiário, Luiza se destaca pela sua consciência social, e não queima o seu dinheiro com viagens espaciais e iates. Uma verdadeira madre Tereza do empresariado global.

De qualquer forma, não é o que ele escreveu o que importa. O que realmente importa é que Lula foi escolhido para escrever para uma das mais importantes revistas do mundo, demonstrando que a sua prisão em nada mudou o seu status de respeitado líder global. É preciso tirar o chapéu para o serviço de relações públicas levado a cabo pelo PT e pela intelectualidade brasileira. Conseguiram enganar direitinho os gringos.

Aqui dentro, no entanto, sabemos o que Lula fez no verão passado. Para o bem de seus negócios, Luiza Trajano ficaria melhor sem associar seu nome ao do ex-condenado. Assim como a Havan pode eventualmente perder clientes pela associação política do “veio da Havan” com Bolsonaro, a Magazine Luiza pode enfrentar algum tipo de boicote ao se ver associada ao chefe de uma facção política. Pode até não prejudicar, mas ajudar, certamente, não ajuda.

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