A regra para assistir a jogos de futebol é ter tomado as duas doses da vacina. Essa é a regra, concordando com ela ou não.
Bolsonaro conhecia a regra. Portanto, foi à Vila Belmiro com o objetivo de ser barrado e criar um fato político.
O não ter ainda se vacinado já é, em si, um fato político. Tentar forçar a entrada em eventos é só a sua continuidade. Fica a questão: o que Bolsonaro pensa que ganha com isso?
Hoje, aproximadamente 149,5 milhões de pessoas já tomaram a 1a dose da vacina. O eleitorado brasileiro deve estar em mais ou menos 151,5 milhões de eleitores, o que nos leva à conclusão de que praticamente 100% do eleitorado se vacinou. Portanto, Bolsonaro, em sua posição anti-vacina, está representando praticamente ninguém.
Além disso, é nada menos que óbvio que é a vacina que está permitindo a reabertura das atividades econômicas no mundo inteiro. Reabertura que um político que precisa desesperadamente de boas notícias no front econômico deveria desejar acima de tudo. Portanto, Bolsonaro deveria estar liderando a campanha pela vacinação, não fosse por outro motivo, por interesse eleitoral.
O único ganho visível dessa postura é marcar posição por um mal-entendido conceito de “liberdade”, como se ameaças à saúde pública estivessem no rol das liberdades individuais. Neste quesito, Bolsonaro fala a um pequeno grupo, longe, muito longe, de garantir-lhe maioria eleitoral. E, por outro lado, afasta um grupo bem maior, que entende a importância da vacinação em massa. Enfim, cada um sabe o que faz com sua estratégia eleitoral.