Este post tem tudo a ver com o anterior, sobre as dificuldades que os ambientalistas colocam em relação à construção de linhas de transmissão de energia. Na verdade, é sobre a questão de fundo que organiza todo o pensamento ambientalista: a humanidade é a grande inimiga do planeta, e sua busca incessante por crescimento econômico e lucros é um pecado que será punido, mais ou mais tarde, com a ira de Gaia, a Mãe Natureza. Trata-se da versão científica do Juízo Final, com a diferença de que mesmo os “bons” serão punidos junto com os “pecadores”. Afinal, estamos todos no mesmo barco planetário.
O tema deste artigo é a tese do “decrescimento econômico”. Segundo essa tese, não basta “crescer de maneira sustentável”. Em um planeta com recursos finitos, mesmo esses recursos sendo consumidos de maneira mais lenta, um dia acabarão. A figura utilizada por um dos economistas citados é a de um trem que vai a alta velocidade na direção errada. Não basta reduzir a velocidade, pois a direção continuará errada. É preciso inverter a direção.
Bem, se o efeito do crescimento contínuo é a exaustão dos recursos naturais, o efeito do decrescimento continuo é, no fim da linha, a volta da humanidade às cavernas. O crescimento do PIB nada mais é do que a medida monetária do aumento do padrão de vida da população global. Vivemos hoje com um nível de conforto médio inimaginável para o homem comum do início da Revolução Industrial. O consumo de recursos naturais foi (tem sido) o preço pago para manter e aumentar este conforto.
Sabemos que diminuir o padrão de vida é das tarefas mais difíceis. Uma pessoa que perde o emprego e é obrigada a reduzir o seu padrão de consumo, sofre muito, por mais alto que seja o seu padrão anterior. O ser humano se acostuma muito rapidamente às coisas boas. Por isso, é mais fácil demonizar “os CEOs” e “a busca incessante por lucros”. Em resumo, culpar o “capitalismo selvagem”.
Na verdade, como sabemos, os CEOs das empresas respondem a incentivos. Os incentivos são dados pelos investidores das ações das empresas, que se valorizam na proporção de seus lucros. E os lucros, vejam só, ocorrem quando as empresas conseguem atender satisfatoriamente à demanda dos clientes. Então, na ponta final desse sistema que está levando o planeta Terra à destruição está, veja só, você, que sempre busca produtos e serviços melhores e mais baratos. E os CEOs, que são pagos para atender a esta demanda, levam a culpa.
A tese do “decrescimento do PIB”, além disso, é injusta. Países mais pobres, que não chegaram ainda a um padrão de vida decente, seriam os primeiros prejudicados por uma recessão global permanente. Se a diminuição do padrão de vida é ruim para os mais ricos, chega a ser cruel para os mais pobres. Não à toa, a tese é defendida por economistas de países mais ricos.
Se alguém fizesse a previsão, há dois séculos, de que o planeta seria capaz de sustentar uma população de quase 8 bilhões de almas com um padrão de vida muitas vezes superior ao que vigia à época, seria considerado um visionário utópico, com um otimismo desligado da realidade. Isso porque temos imensa dificuldade de antecipar tecnologias. Da mesma forma, prever o que acontecerá com o planeta daqui a dois séculos com base na tecnologia atual é um exercício fútil. Aqueles que advogam a tese do “decrescimento econômico” subestimam a incrível capacidade humana de fazer mais com menos, capacidade esta levada ao máximo com os incentivos do capitalismo. Trata-se de uma visão pessimista da humanidade. No limite, segundo essa visão, seria melhor que não existíssemos.