Assim o jornalista Thomas Traumman denomina o cargo de Ministro da Fazenda, em seu livro em que entrevista uma série de ex-ministros da Fazenda. Talvez somente o técnico da seleção brasileira tenha um emprego pior, ainda que, neste caso, receba remuneração muitas vezes superior, o que certamente compensa a pressão.
Tente se lembrar de alguns nomes de ministros do governo Sarney. Quase com certeza um dos poucos lembrados será o de Dilson Funaro, responsável pelo primeiro Plano Cruzado, ou o de Bresser Pereira, que emprestou seu nome para um dos planos de estabilização. Tente lembrar de um nome do ministério de Collor. Provavelmente, o único nome que lhe vira à mente será o de Zélia Cardoso de Mello, responsável pelo confisco. Nos governos mais recentes, de Lula para cá, alguns ex-ministros certamente serão lembrados. Mas, com certeza, Palocci e Guido Mantega estarão sempre nessas listas de ministros “inesquecíveis”. Ministro da Educação, a prioridade número 1 do Brasil? Ministro da Saúde? Ministro da Agricultura? Da Justiça? Não, estes se perderam nas brumas da história.
Há um debate acalorado sobre a prevalência da agenda social sobre a agenda fiscal, ou vice-versa. Por mais que se grite que a agenda social deve ser a prioridade (e isso vem desde o “tudo pelo social” de Sarney), é o ministro da Fazenda o grande protagonista da esplanada dos ministérios. E isso acontece, paradoxalmente, justamente porque a agenda fiscal é, invariavelmente, colocada em segundo plano. Como dinheiro não leva desaforo pra casa, o Brasil é um país em eterna crise financeira, fazendo do ministro da Fazenda o ponto focal da insatisfação nacional. Em casa onde falta pão…
Assim como não há contradição entre as fundações e o acabamento de um edifício, não deveria haver contradição entre o fiscal e as necessidades sociais. Não se constrói um edifício sem fundações, e as fundações sem o edifício são inúteis. O ministro da Fazenda, no Brasil, é chamado a manter em pé o edifício sem que se tenham feito fundações adequadas. Dedica-se, então, a colocar escoras que mal e mal conseguem manter o edifício em pé, até que um vento mais forte ou um terremoto derrube tudo. E a culpa, de quem é? Do titular do pior emprego do mundo.
Fernando Haddad será o nosso próximo ministro da Fazenda. Como disse Henrique Meirelles, boa sorte para nós todos.