A corrida dos ratos

Ontem o Estadão publicou uma matéria descrevendo um estudo apresentado no Congresso da Sociedade Americana para a Nutrição, que acompanhou mais de 700 mil veteranos, de 40 a 99 anos de idade, entre 2011 e 2019. O estudo concluiu que 8 hábitos podem adicionar até duas décadas de vida. São eles:

  1. Não fumar
  2. Praticar exercícios físicos
  3. Contar com boas relações pessoais
  4. Não ter episódios frequentes de abuso do álcool
  5. Ter boas noites de sono
  6. Manter uma dieta saudável
  7. Controlar o estresse
  8. Não ter vício em medicamentos opioides

Prestou atenção na lista acima? Não parece difícil cravar uns 5 ou 6 hábitos, não é mesmo? Não para as leitoras que enviaram comentários para o jornal, colocando a culpa na “carga de trabalho” por não conseguirem adotar as práticas sugeridas. Uma, inclusive, sugere uma “legislação trabalhista humanizada”, que permitisse trabalhar menos e ganhar mais. Puxa, como ninguém teve essa ideia antes?

É realmente curioso como as pessoas encontram motivos externos (no caso, a falta de dinheiro) para não fazer coisas que estão ao seu alcance. A classe média (e quem lê o Estadão pertence à classe média) está em uma interminável “corrida dos ratos”, sempre procurando a próxima coisa para comprar. Não é à toa que sempre falta dinheiro, levando ao estresse, à perda do sono, à alimentação inadequada, à bebida, aos opioides. Existe uma ilusão de que, se ganhássemos mais, teríamos condições de comprar tudo o que precisamos. Aí, então, poderíamos seguir os 8 hábitos saudáveis e seríamos felizes. Ilusão. A “corrida dos ratos” não acaba nunca. Ou melhor, acaba no momento em que dizemos “enough is enough”, momento em que nos libertamos de nós mesmos. Desculpe-me se isso parece auto-ajuda barata, mas é a realidade.

Gostaria de dizer para as duas leitoras que, se forem esperar uma espécie de dádiva do céu (ou do governo) que lhes permita ganhar mais com menos trabalho, provavelmente não sairão do lugar. Se queremos ganhar mais para comprar mais, precisamos trabalhar mais, essa é a lei da vida. Trata-se de uma escolha.

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