De todas as catástrofes climáticas previstas, a que sempre mais me encafifou é o aumento do nível dos oceanos em função do degelo dos polos. Artigo de hoje do escritor Flávio Tavares nos alerta que a Holanda irá desaparecer, enquanto o Rio de Janeiro será inundado, fazendo do piscinão de Ramos o novo mar.
Reportagem sobre a COP 28 nos informa que um fundo de ajuda dará prioridade para pequenas ilhas que correm o risco de desaparecer.
A coisa começa a ficar confusa quando se lê, em outra matéria, que 2023 será o ano mais quente da história, causando nível recorde de recuo do gelo na Antártida.
Ora, esses fenômenos têm um comportamento contínuo: se uma quantidade recorde de gelo derreteu, já deveríamos estar observando algum aumento, mesmo que mínimo, do nível do mar. No entanto, Copacabana continua exatamente onde está, e não há notícia de alguma ilha remota perdendo um centímetro quadrado sequer de território. Como pode?
O enigma se resolve através da ciência. Água é água, qualquer que seja o seu estado físico. O seu volume é o mesmo, seja em estado líquido, seja em estado sólido. As geleiras impressionam, parecem montanhas feitas de gelo, e causam a sensação de que, uma vez derretidas, o que antes estava na superfície vai aumentar o volume da água, como ocorreria se se tratasse de uma montanha de verdade. Mas essas montanhas de gelo só existem porque a água tem uma característica única na natureza: a sua densidade em estado sólido é menor que sua densidade em estado líquido. Cerca de 10% menor. Por isso o gelo flutua na água, deixando cerca de 10% de seu volume acima da superfície. Uma vez derretida, a água passa a ocupar o mesmo volume anterior, só que com maior densidade. Por isso, o nível da água permanece rigorosamente o mesmo, conforme podemos ver no esquema abaixo.
Isso é ciência do Ensino Fundamental. Fico realmente espantado quando ouço e leio esse tipo de coisa de pessoas que enchem a boca para pronunciar a palavra “ciência”.