Por mais que eu tente me acostumar, ainda fico espantado com o grau de amadorismo e improvisação desse governo na área econômica. Esse anúncio de incentivo ao carro popular bateu o recorde: anunciado com pompa e circunstância, sequer foi desenhado ainda. Haddad vai precisar parar de se dedicar ao Desenrola por uns dias para fazer as contas da renúncia fiscal do carro popular.
Mas queria chamar a atenção para outros dois pontos aqui. O primeiro é a fixação de Haddad na política monetária. A história do Brasil se dividirá, segundo o ministro da Fazenda, em duas eras: antes e depois do início da queda dos juros. Depois que os juros começarem a cair, o Brasil se tornará um lugar onde correrá o leite e o mel. Antes disso, no entanto, é preciso dar refrigério para a miséria humana, provendo incentivos para a compra do carro popular pelo brasileirinho. Mas isso só enquanto a era de Aquarius, quer dizer, dos juros baixos, não chega.
O segundo ponto é a modéstia do programa, “3 ou 4 meses”. Notaram que está sendo tudo assim no governo Lula? Já escrevi aqui sobre o novo Minha Casa Minha Vida: com R$ 9 bilhões de funding, dá, quando muito, para palitar os dentes. O fato é que o cobertor está muito curto para todos os sonhos megalomaníacos de Lula. Os primeiros mandatos do PT foram marcados por projetos gigantescos, financiados pela abundância de capitais da época. Acabou. O dinheiro está contado. Então, para fazer de conta que ainda pode fazer as mesmas coisas, Lula faz, mas sempre em escala diminuta. Faz-me lembrar o Mini Mundo, um parque com uma cidade em miniatura que fica em Gramado. Está tudo lá, mas só serve para a diversão da petizada. Os programas mini do governo só servem para a diversão da petezada, que fica com a sensação gostosa de que está mudando os rumos da economia do país.