Destaco editorial do Estadão e duas notícias no mesmo jornal na página seguinte.
No editorial, o jornal pede candidamente que a oposição “se apresente”. Selecionei apenas o primeiro e o último parágrafos, que resumem a ideia. A angústia do editorialista é que, por mais que Bolsonaro não preencha o figurino do líder de que a nação precisa, não surge uma alternativa viável na oposição.
O diagnóstico do editorial está correto: é preciso um líder que “dialogue de verdade com a população”. Pois é. Para haver algum diálogo, é necessário que o interlocutor esteja disposto a ouvir. Não parece ser o caso da oposição a Bolsonaro.
Articular uma mensagem minimamente inteligível supõe não brigar com a realidade. Aqueles que poderiam ser a tal “oposição que se apresenta” fazem vista grossa para articulações no Congresso para burlar a Constituição (no caso da reeleição para as presidências das casas) e para a cada vez mais próxima suspeição de Moro no condenação de Lula.
Peguei esses dois casos particulares porque são notícia hoje, mas poderia fazer uma capivara muito mais longa com fatos que se acumulam e que justificam a eleição de Bolsonaro. Podemos dizer que as “instituições brasileiras” se esforçam para se auto dinamitarem. Bolsonaro é apenas o cara que dá risada quando tudo explode.
Concordo com o editorial do Estadão: a oposição precisa encontrar um discurso. Desde que esse discurso não colida com a realidade.