Mais claro, impossível

Nesta bela matéria, Vinicius Carrasco, professor de economia na PUC-Rio e ex-diretor do BNDES, elenca os motivos pelos quais o investimento em infra-estrutura está muito aquém do necessário em um país com notório déficit nesse quesito. Em resumo:

1) O país está quebrado e não tem dinheiro sequer para Parcerias Público-Privadas.

2) Sobra então o investimento privado. O investidor privado corre riscos (inclusive o risco de ver o seu contrato não cumprido) e a remuneração desses riscos envolve ou subsídios por parte do governo ou tarifas mais elevadas.

3) Os subsídios não são possíveis nem justificáveis. Como o Estado está quebrado, não há espaço para subsídios. E, mesmo que houvesse, alocar recursos públicos para aumentar a remuneração de agentes privados ou para diminuir tarifas dos usuários somente se justificaria se houvesse externalidades positivas. Ou seja, se houvesse benefícios para outros atores que não os investidores ou os usuários. No BNDES, ele ouvia falar muito de “externalidades positivas” mas nunca viu um estudo sequer a respeito.

4) Restam tarifas mais elevadas e, em alguns casos, dolarizadas, pois o investidor é estrangeiro. A greve dos caminhoneiros mostrou que os usuários não estão dispostos a pagar pelo uso da infra-estrutura.

5) Como quem quer pagar (o governo) não pode, e quem pode pagar (o usuário) não quer, o investimento em infra-estrutura tende a ser insuficiente.

Mais claro, impossível.

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