O governo gaúcho adiou a oferta de ações do Banrisul por condições técnicas do mercado. Leia-se: ninguém quer comprar essa joça pelo preço que o governo do RS acha que vale.
Hoje, as ações do banco estatal gaúcho valem menos que o valor patrimonial da empresa. Ou seja, os investidores não querem pagar nem pelo valor contábil dos ativos. Para entender: a empresa vale mais se vender todos os seus ativos e fechar as portas.
E por que isso? Simples: para ser sócio do governo gaúcho, os investidores exigem um desconto gigante no preço das ações do banco. E aí, você ingenuamente pergunta: o governo gaúcho não ganharia mais transferindo o controle do banco? No que eu respondo: mais não, MUITO mais. E bota mais nisso.
Mas transferir o controle do banco significa que o governo não terá mais um instrumento para as suas “políticas públicas”. Leia-se: empréstimos para setores amigos, manutenção de agências deficitárias para agradar correligionários, cargos políticos, estabilidade do funcionalismo.
Para manter o controle, em uma decisão que claramente é prejudicial ao povo mais simples, os políticos gaúchos vestem o figurino de defensores do “patrimônio público”, das “riquezas do povo”. Assim, o funcionalismo público continua sem receber seus salários, mas orgulhosamente podem mostrar que são “donos de um banco”. Ok, assim é se assim lhe parece.
A não privatização do Banrisul, a esta altura do campeonato, deveria ser punida como gestão temerária dos recursos públicos, com direito a uma temporada na cadeia.