Entressafra

Este infográfico do Estadão mostra tudo e não esconde nada. Mostra a entressafra de craques que o futebol brasileiro atravessa desde meados da década passada. O último a receber a bola de ouro foi Kaká, em 2007, e desde 2011, com exceção do ano passado, apenas Neymar aparece entre os 10 primeiros. Apenas como comparação, entre 1994 e 1998 e entre 2002 e 2007, sempre mais de um jogador brasileiro apareceu entre os 10 primeiros. Cinco diferentes jogadores (Romário, Ronaldo, Rivaldo, Ronaldinho e Kaká) receberam a bola de ouro em um espaço de 14 anos. Não coincidentemente, o período em que chegamos à final da Copa em três vezes seguidas.

O futebol depende de organização, disciplina, planejamento. Mas, mais do que qualquer outro esporte, o fora de série pode compensar a falta desses atributos. O Brasil virou o Egito, que depende de um craque apenas. Se este falha, torna-se um time comum.

Benesses

Ficamos sabendo que Dr. Bumbum trabalhou na Presidência da República em 2012. Portanto, no governo de Dilma Rousseff.

Mais do que a piada pronta, essa notícia nos permite saber que os funcionários da Presidência podem contar com médico próprio. Não precisam, como qualquer mortal, procurar um médico fora de seu local de trabalho quando se sentem mal.

Vai sobrar meme e piada sobre o Bumbum da Dilma. Vai faltar indignação sobre mais esta benesse absurda da elite do funcionalismo público.

Manja tudo

O Estadão traz uma entrevista com Steven Levitsky, cientista político de Harvard e autor do livro “Como as democracias morrem”.

Segundo Levitsky:

– O impeachment foi legal mas foi contrário à um certo “espírito da lei”, ao substituir um governo de centro-esquerda por outro completamente diferente, o que teria fraudado as eleições de 2014.

– Excluir qualquer candidato das eleições “é algo perigoso a se fazer”.

Adivinha qual o candidato, na visão deste senhor, que representaria o “perigo” para a democracia?

Segundo Levitsky, as democracias liberais não são simplesmente majoritárias. Por exemplo: mesmo que 99% da população vote pelo fim da liberdade de expressão, em uma democracia liberal o presidente não poderia fazer isso.

Será que Levitsky sabe que esse partido “de centro-esquerda” que foi apeado do poder defende a “regulação da mídia”?

Será que Levitsky sabe que esse partido “de centro-esquerda” usou os instrumentos da democracia para solapar a própria democracia, ao aparelhar os órgãos do Estado e comprar votos no Congresso?

Será que Levitsky está sugerindo que, em uma democracia liberal, um sujeito possa ser candidato à presidência mesmo preso? Ou que ele está preso somente por ser candidato, e em uma democracia liberal ele não estaria preso?

Levitsky compara Bolsonaro a Chávez, e coloca o PT ao lado das “legendas democráticas” que deveriam se unir para evitar a eleição do inominável. Manja tudo esse Levitsky.

A verdadeira batalha

A batalha que se trava hoje no Brasil não é esquerda x direita nem conservadores x progressistas.

A batalha hoje se dá entre funcionalismo público e o restante dos brasileiros.

Toda generalização é injusta. Eu mesmo conheço inúmeros funcionários públicos com espírito público e exercendo funções de Estado indispensáveis. A questão não é essa.

A questão é que os funcionários públicos entendam que o funcionalismo público já não cabe no Brasil.

Outro dia, uma reportagem mostrava que o Brasil gasta com educação um percentual do PIB acima da média da OCDE, o clube dos países ricos. Por que os resultados são uma lástima? Entre outros motivos por conta de gastos com estruturas burocráticas rígidas, com salários imexíveis e funcionários que não podem ser demitidos. E por aí vai, este é só um exemplo.

O que está ocorrendo hoje em alguns Estados da federação, onde salários e aposentadorias de funcionários públicos não estão sendo pagos, deveria ser o bastante para que o funcionalismo público entendesse o que está acontecendo. Doce ilusão.

Pose de defensor da livre iniciativa

Não se deixe enganar por malabarismos de palavras. Hoje a contribuição já é voluntária. Por isso os sindicatos estão fechando. Só faz sentido mudar a lei se for para tornar a contribuição obrigatória novamente.

Alckmin e belzebu, voto em belzebu. Pelo menos belzebu não fica posando por aí de defensor da livre iniciativa.