Com tantas necessidades que clamam aos céus, estamos discutindo se o orçamento público deveria subsidiar a gasolina que eu coloco no meu carro. O inferno desse pessoal deve ter uma temperatura especial.
Financiando a democracia
Vivemos em uma democracia representativa. Sendo assim, é através do voto que se mudam as coisas. Se perdemos a fé neste instrumento, então só nos resta mudar o regime para algo em que o voto não conta para nada. Os países que deram certo não foram por este caminho. Pelo contrário, procuraram aprimorar o voto como instrumento democrático. Isso não acontece da noite para o dia, leva gerações.
Uma forma de legitimar o voto é o financiamento de campanha. Não gostamos que nossos impostos sirvam como funding para campanha eleitoral, mas também não queremos meter a mão no bolso para financiar a campanha de ninguém. Ora, se queremos gente boa e honesta no Executivo e no Legislativo, precisamos dar os meios para que se elejam!
Esta plataforma permite a doação para a campanha de alguns candidatos. Dá uma olhada, tem vários candidatos que podem merecer a sua ajuda. Dá para doar a partir de R$ 10, e o pouco com Deus é muito rsrsrs.
Claro, sempre pode acontecer de, no futuro, aquele candidato para o qual doamos seja pego em alguma falcatrua. É o risco. O que não dá é esperar que a democracia funcione como uma mágica, sem que nos esforcemos para isso.
Contradição em termos
“O problema não é que a empresa seja estatal. O problema é que ela seja mal gerida. É importante termos empresas estatais bem geridas em setores estratégicos da economia.”
Este é o argumento fundamental de quem defende a existência de empresas estatais. Sempre que alguém disser isso, lembre-se que Pedro Parente tentou gerir bem a Petrobras e não sobreviveu à primeira crise.
Empresa estatal bem gerida é uma contradição em termos.
Chá de hortelã
Fazendo a revolução enquanto toma chá de hortelã em Higienópolis.
E é esse tipo de gente que está fazendo a cabeça dos nossos filhos.
Bando de salafrários
A Câmara Municipal de São Paulo voltou de uma viagem a Marte, não viu nada do que aconteceu nos últimos dias, e aprovou um pacote de benefícios para os vereadores e funcionários da Casa no Valor de quase R$ 50 milhões / ano, ou 10% do orçamento.
Note que a lista dos que votaram a favor é ecumênica, tem vereador da esquerda, da direita, do centro, de cima, de baixo, unidos em um único propósito: manter seus privilégios às custas do povo.
Depois esse bando de salafrários se perguntam porque a população apoiou a greve dos caminhoneiros.
EI, FACHIN, VAI TOMAR CAJÚ!
Não menospreze o PT
Só assista se você tiver estômago forte. Uma coleção interminável de mentiras e mistificações.
Mas é de se tirar o chapéu a capacidade do PT de montar uma narrativa com começo, meio e fim, animado com infográficos e um discurso vibrante. Cadê o filminho do Alckmin? Ok, foi só uma pergunta retórica.
Não menospreze o PT. Nunca.
Não há nada que se possa fazer
Como se pode ver no gráfico abaixo, a razão remota do drama dos caminhoneiros é o excesso de oferta construído durante o governo Dilma, e que encontrou uma contração da demanda sem precedentes nos dois anos de recessão fabricados pelo mesmo governo. O aumento dos preços dos combustíveis foi somente a fagulha que colocou fogo nessa pororoca insana.
Agora, a ANTT anunciou a tabela do frete mínimo, uma das reivindicações dos caminhoneiros: entre R$ 0,60 e R$ 0,80 por km/eixo, a depender da carga. Hoje este frete está em aproximadamente R$ 0,20 a R$ 0,30 por km/eixo. Quais os possíveis efeitos desse tabelamento de preços?
- Os usuários que puderem repassar o preço para os produtos o farão. Neste caso, quem paga o aumento é você.
- Os usuários que não conseguirem repassar o aumento para os preços (afinal, com a economia parada não está fácil pra ninguém) tentarão absorver o aumento em suas margens. Neste caso, é o acionista destes usuários que paga a conta.
- Aqueles usuários que não conseguirem repassar aos preços e nem absorver em suas margens simplesmente fecharão as portas. Neste caso, quem paga a conta são os funcionários destes usuários e os próprios caminhoneiros, que perdem clientes.
- Na medida em que a demanda diminui (e diminuirá, a lei da oferta e da demanda é irrevogável), o problema do excesso de oferta se agravará. Neste ponto, alguns caminhoneiros furarão o olho dos companheiros e começarão a trabalhar com base em uma “tabela paralela”, clandestina. Aos poucos, a tabela será abandonada, e voltaremos ao ponto inicial, não sem antes ter desorganizado toda a cadeia logística.
Como eu já disse aqui, não há nada que o governo possa fazer para ajudar os caminhoneiros.
A lógica do preço da gasolina
Mauro Benevides, responsável pelo programa econômico de Ciro Gomes deu entrevista hoje no Valor.
Na primeira pergunta, já mostrou toda a sua ignorância de como funciona a microeconomia. Perguntado sobre a politica de preços da Petrobras, Benevides solta a pérola: “qualquer empresa no mundo fixa os preços por custo de produção”.
Não, Benevides, os preços não são definidos pelos custos de produção. Os preços são definidos por oferta e demanda. Os custos vão definir somente se a empresa vai sobreviver ou não em um determinado ambiente de oferta/demanda.
Por exemplo, o custo dos caminhoneiros cresceu com o aumento dos combustíveis. Segundo Mauro Benevides, então, o preço do frete deveria aumentar. Sim, deveria, se a demanda pelo serviço se mantiver constante no novo preço. Se a demanda cair, alguns caminhoneiros deverão sair do mercado no novo preço. Ou o preço não sobe, e ficarão no mercado apenas aqueles caminhoneiros que conseguirem trabalhar com margem mais baixa.
O caso da Petrobras é um pouco diferente, por ser uma empresa, na prática, monopolista. A competição vem apenas dos combustíveis importados. Por que, então, a Petrobras não pode simplesmente vender combustíveis com base no seu preço de custo, adicionando apenas uma “margem de lucro cidadã”?
Temos dois cenários possíveis: no primeiro, o custo está maior do que o preço internacional. Neste caso, o preço praticado pela Petrobras seria maior do que o do produto importado. Então, seria uma questão de tempo para a Petrobras perder todo o mercado de comercialização de combustíveis, quebrando a empresa.
Mas é o segundo cenário que nos interessa, quando o custo está bem menor do que os preços internacionais. Neste caso, por que a Petrobras, sendo monopolista, simplesmente não vende mais barato o combustível no mercado doméstico, beneficiando o cidadão brasileiro? Esse é o brilhante raciocínio de Mauro Benevides e, com certeza, da maioria dos brasileiros.
Para entender porque este raciocínio leva, no longo prazo, à inviabilidade da empresa, é preciso entender que o petróleo é uma commodity global, cujo preço é determinado, ao longo do tempo, por um tênue equilíbrio de oferta e demanda. Este preço, em tese, paga o risco de extração do petróleo do produtor marginal mais caro. Se há um excesso de oferta (ou falta de demanda), o preço cai, inviabilizando o produtor com maior custo de produção e, portanto, diminuindo a oferta e aumentando a demanda até se encontrar um novo equilíbrio. E vice-versa.
Claro que, neste processo, os produtores com menor custo de produção acabam por auferir maiores lucros. Mas não há modo de ser diferente pois, por ser um mercado aberto, o preço é global, e cada produtor, do mais barato ao mais caro, tem o seu papel no tênue equilíbrio entre oferta e demanda.
Agora, suponhamos que a Petrobras oferecesse aos brasileiros a bênção de uma gasolina mais barata do que aquele preço ditado pelo mercado internacional, baseando-se apenas nos seus custos. Ocorreriam duas coisas: 1) haveria uma pressão exportadora de combustíveis. Traders poderiam comprar o combustível para revender com lucro no mercado global. Claro, isso poderia ser proibido, mas sabe como é o tráfico clandestino em um país como o Brasil, né? E 2) o combustível mais barato daria um sinal de abundância para o consumidor, o que aumentaria a demanda, forçando a Petrobras a importar o produto mais caro e subsidiá-lo para o consumidor local. Foi basicamente isso que aconteceu em 2012-2013, provocando prejuízos bilionários para a empresa.
Além disso, sempre resta a discussão de qual seria a tal “margem de lucro cidadã” a ser praticada pela Petrobras. A margem de lucro deve cobrir as despesas operacionais, os investimentos a serem feitos para manter e, eventualmente, aumentar a produção, e o custo do capital, que deve ser proporcional ao risco da atividade. E, convenhamos, o risco de explorar petróleo não é baixo. No final, o preço internacional do petróleo, ao longo do tempo, procura remunerar estes três componentes. Não tem muita mágica em um mercado extremamente competitivo como o do petróleo.
Por fim, se nada disso foi convincente, então dá uma olhada na Venezuela. A PDVSA está quebrada e a produção de petróleo está despencando, mas você enche o tanque com poucos centavos. Claro, vão lhe dizer, não queremos chegar neste ponto. Sim, ninguém quer. Mas quando ideias brilhantes como a de Mauro Benevides são postas em prática, os preços passam a ser apenas um detalhe na mão de populistas. Aí, o inferno é o limite.
Quero ter raiva, mas não consigo
O TRF-3 devolveu os seguranças, motoristas e carros a que o ex-presidente Lula tem direito.
Ok, está na lei.
Assim como estão na lei milhares e milhares de outras benesses pagas pelos trouxas que produzem o PIB do país.
Os seguranças, motoristas e carros do ex-presidente Lula são um monumento ao desperdício, um símbolo da desfaçatez com que se tratam os impostos que o povo paga com seu sangue. E depois vêm com a maior cara lavada pedir sacrifícios ao povo.
Quero ter raiva dos caminhoneiros, mas não consigo.