O poder de parar o País

Temer acaba de anunciar o fim do PIS/Cofins sobre o diesel.

Não consigo ser contra a redução de impostos.

Mas como a contrapartida NÃO SERÁ a redução de despesas, lamento informar que ALGUÉM vai subsidiar o diesel.

Provavelmente, alguém que não tenha o poder de parar o País.

Pesquisa espontânea

Conversa hoje com meu filho de 13 anos.

Filho: Pai, quem são os candidatos?

Eu (meio perdido, porque nem eu sei direito): de quem você se lembra?

Filho (pensando um pouco): hmmm, Bolsonaro e… um outro que não lembro o nome.

Eu: como é a cara dele?

Filho: hmmm, não lembro. O Lula não pode ser candidato né?

Eu: não, não pode. Quem mais?

Filho: só conheço o Bolsonaro mesmo.

Fim da conversa.

Moral da estória: a pesquisa espontânea em casa deu 100% Bolsonaro.

Não é pelos R$ 0,20

Este movimento dos caminhoneiros começa a se parecer com os protestos de junho de 2013.

Lembro até hoje as caras patéticas dos ministros e da própria Dilma, procurando um interlocutor para saber quais eram as “reivindicações”. Como se fosse um protesto sindical.

O governo Temer encontrou interlocutores, até descobrir, horrorizado, que eram apenas representantes de si mesmos.

Foram dados descontos nos preços dos combustíveis e outras prebendas, mas os caminhoneiros sabem que acordos com governos não valem a tinta da caneta.

O buraco dos caminhoneiros é mais embaixo, e é o mesmo do restante dos brasileiros: um Estado inchado, balofo, incompetente, sequestrado por corporações mesquinhas e liderado por políticos sem um mínimo de estatura.

Não é pelos R$ 0,20.

Ciro tem razão

Nunca pensei que um dia iria dizer isso, mas Ciro tem razão.

Se não for para subsidiar combustível quando necessário, pra que serve a Petrobras?

Só faz sentido o governo controlar uma empresa se puder usá-la para seus interesses. Inclusive, dar prejuízo “quando necessário”. Se esse prejuízo terá que ser pago mais cedo ou mais tarde pelo povo, não vem ao caso. O que importa é a política populista de curto prazo, para enganar os trouxas.

A Petrobras não será privatizada nunca.

Canalhas populistas

“Se o Pedro Parente não aceitar rever a política de reajuste, que ele saia da Petrobrás ou o presidente da República exerça o mínimo de autoridade. Um governo minimamente sólido já o teria demitido. Com todo respeito a ele, a Petrobrás não é maior do que o Brasil, nem o Pedro Parente é maior do que a Petrobrás.”

Cunha Lima, Cássio. Senador pelo PSDB.

Pedro Parente certamente não é maior do que a Petrobras nem muito menos do que o Brasil. Mas com certeza é maior do que Cássio Cunha Lima e todos esses canalhas populistas que não hesitam em quebrar a Petrobras e o Brasil para sair bem na foto.

Impasse sem solução

Ainda a greve dos caminhoneiros.

Tese: nada do que o governo faça com o preço dos combustíveis irá melhorar a vida dos caminhoneiros.

Premissa: a atividade de transporte de cargas é uma atividade econômica livre, sujeita às leis de oferta e demanda. Não há oligopólios nem oligopsônios, de modo que as leis básicas da economia funcionam relativamente bem neste setor.

Hipóteses sobre a oferta: 1) houve aumento de oferta de caminhoneiros nos últimos anos ou 2) houve diminuição de oferta de caminhoneiros nos últimos anos.

Nesta quadra da vida nacional, é bem mais provável que a hipótese 1 seja a verdadeira. É difícil imaginar que, com o grau de ociosidade atual da economia, o setor de transporte seja o único que tenha falta de mão de obra. Vale lembrar que a venda de caminhões bateu recordes no governo Dilma, graças a programas de financiamento como o PSI, o que deve ter aumentado ainda mais a oferta do setor.

Hipóteses sobre a demanda: 1) houve aumento de demanda por transporte por caminhão nos últimos anos ou 2) houve diminuição de demanda por transporte por caminhão nos últimos anos.

Também aqui, é mais provável que a hipótese 2 seja a verdadeira, em função da profunda recessão que o país atravessou. É possível também que a demanda tenha diminuído porque deslocou-se para outros meios de transporte, em função do preço do frete. É uma possibilidade, mas parece (só parece, não tenho dados para confirmar) que o principal motivo para a diminuição da demanda seja mesmo a recessão.

Pois bem: se a premissa é válida e as hipóteses acima descritas são verdadeiras (aumento da oferta e diminuição da demanda por conta da recessão), congelar ou diminuir preços dos insumos não resolverá o problema fundamental do setor: excesso de oferta. Seria o mesmo que achar que o desemprego seria eliminado se congelássemos todos os preços.

Os aumentos recentes dos preços dos combustíveis foi somente o estopim de uma situação que provavelmente já vinha de muito tempo. A insatisfação dos caminhoneiros é a mesma de muitos brasileiros: o alto desemprego, causado pela mais brutal recessão da história.

Não será baixando o preço dos combustíveis que se resolverá este problema. Pelo contrário: ao adotar medidas que ameaçam o equilíbrio fiscal, o governo somente agrava o problema estrutural.

Em resumo: nada do que o governo possa fazer no curto prazo vai resolver a vida dos caminhoneiros. Portanto, o país continuará refém de um impasse sem solução.