Argumento de autoridade do bem

Não gosto disso, mas vou usar argumento de autoridade aqui. Alguns dos economistas que mais respeito assinaram um manifesto em apoio ao projeto de reforma tributária. São eles:

  • Afonso Celso Pastore
  • Armínio Fraga
  • Bráulio Borges
  • Bruno Carazza
  • Edmar Bacha
  • Fábio Giambiagi
  • Mailson da Nóbrega
  • Manoel Pires
  • Márcio Garcia
  • Marco Bonomo
  • Marcos Mendes
  • Otaviano Canuto
  • Samuel Pessôa

São pessoas que entendem do que estão falando e não têm interesses próprios na defesa da tese. Não vi, até o momento, qualquer manifesto em contrário, a não ser patrocinado por entidades de classe ou políticos defendendo o seu pedaço.

Uma verdade inconveniente

Pastore é aquele cara chato que repete toda semana as mesmas coisas. Quem o lê semanalmente, não encontra nenhuma novidade. Mas, se o que ele diz não é original, não deixa de ser uma verdade inconveniente: vamos ter inflação se não resolvermos a questão do equilíbrio fiscal.

Bolsonaro está navegando em um aumento de popularidade impulsionado pelo grande ganho de renda (vide meu post anterior) proporcionado pelo auxílio emergencial. Só tem um detalhe: este ganho de renda está provocando alta da inflação de alimentos, item que pesa mais justamente na cesta de consumo de quem recebe o auxílio. Por enquanto está tudo bem, pois o ganho de renda mais que paga a alta dos preços.

O governo Bolsonaro está diante de um dilema: ou continua pedalando a bicicleta ou para de maneira controlada. Na primeira hipótese, a bicicleta vai parar de qualquer jeito, mas provavelmente com o povo brasileiro se esborrachando no chão, vítima da inflação fora de controle e recessão. Vivemos isso no biênio 2015-16.

Em ambas as hipóteses Bolsonaro perderá popularidade. Resta saber de que modo ele escolherá fazê-lo.

Em defesa do controle dos gastos públicos

Dentro de pouco tempo, começará uma pressão crescente, que se tornará insuportável, para que o governo “faça alguma coisa” para acelerar o crescimento econômico. Com um desemprego que cairá muuuuito lentamente, o “do something” ganhará força, o que pode levar o governo a tomar medidas irresponsáveis.

Seria muito bom que o presidente lesse este artigo do economista Affonso Celso Pastore, e resistisse às soluções fáceis, que têm como resultado aprofundar o buraco em que nos metemos.