Faça a seguinte experiência. Pare qualquer pessoa na rua, que pareça estar na casa dos 50 e tantos anos (quanto mais pobre melhor), e pergunte:
Se você pudesse escolher entre:
a) receber R$400 a partir dos 60 anos até os 70 anos de idade, e a partir daí R$1.000, ou
b) receber R$1.000 somente a partir dos 65 anos
O que você escolheria?
Não tenho dúvida que a imensa maioria escolheria antecipar o recebimento do benefício, ao invés de esperar mais 5 anos, apesar de que o total a receber na alternativa (a) é de R$48.000 enquanto na alternativa (b) é de R$60.000 (estou aqui considerando apenas valores nominais, se considerássemos a taxa de juros do período essa diferença seria menor, pois receber dinheiro antes tem mais valor do que receber depois, a valor presente).
Por que? Porque as pessoas são conservadoras: entre receber um dinheiro hoje ou postergar o recebimento para o futuro, a imensa maioria optará por receber antes, mesmo que seja menos. O raciocínio é o seguinte: “sei lá se vou estar vivo amanhã”.
Pois bem: esta é a proposta do novo BPC. Trata-se de um benefício, não de um malefício. E sabemos que se trata de um benefício porque a maioria das pessoas escolheria a alternativa (a), que é o novo BPC, e não a alternativa (b), que é o atual BPC.
Se o governo não conseguiu defender algo que poderia ser vendido como um benefício, imagine como será defender os verdadeiros malefícios da proposta de reforma.