Baderna não é manifestação

A mim me irrita profundamente quando o jornal chama de “manifestantes” baderneiros que protagonizam quebra-quebra depois de uma manifestação que “começou pacífica”. A bem da coerência, não poderia deixar de me irritar com a manchete de hoje, caracterizando caminhoneiros que bloqueiam ruas e estradas como “manifestantes”. Não são. São tão baderneiros como os militantes do MTST que queimam pneus para bloquear a marginal.

Da forma como veio a manchete, parece que todos os manifestantes correm o risco de terem suas contas bloqueadas. Mas o decreto parece claro, ao se dirigir somente aos que usam os seus caminhões para sequestrar a sociedade para a sua pauta.

Se o governo Temer tivesse sido firme desse modo em 2018, talvez não tivéssemos chegado ao ponto em que chegamos, com crise de desabastecimento.

Li aqui e acolá comparações dessa ação do governo canadense com o que de pior temos em ditaduras comunistas, em que não se pode manifestar discordância do governo. Parece piada ter que explicar a diferença entre um governo democrático que exerce o seu poder policial para garantir o direito de ir e vir de quem não tem nada a ver com os manifestantes, e um governo ditatorial, como o cubano, que prende e tortura manifestantes pelo simples fato de se manifestarem.

Não, os caminhoneiros não têm o direito de bloquear estradas, ruas e pontes, assim como o MTST não tem direito de queimar pneu na marginal, por mais legítimas que sejam suas reivindicações. O direito de manifestação não inclui o direito à baderna, mesmo no mais democrático dos regimes.

STF proíbe prisão após condenação em 2a instância

Tenho dois amigos que migraram para o Canadá neste ano.

Dois engenheiros, formados em universidades públicas, migraram com as famílias, filhos pequenos.

Migraram sem terem emprego lá, vão viver das reservas e trabalhar com qualquer coisa.

Cérebros, deles, das esposas e dos filhos, que poderiam ajudar o Brasil a crescer.

Depois da decisão de hoje do STF, não os critico. O Brasil está condenado ao fracasso.

A política pública mais regressiva

Tenho dois casais amigos que estão migrando para o Canadá. Pessoas com ensino superior e altamente produtivos.

Nos dois casos, frequentaram universidades públicas, gratuitas. Ou seja, o Estado investiu o dinheiro dos desdentados para que esses profissionais agregassem valor ao PIB canadense.

Este mesmo dinheiro poderia estar sendo usado para reforçar o ensino básico e, assim, melhorar um pouco as condições iniciais de milhões de crianças. Se isso estivesse sendo feito, talvez não tivéssemos chegado nessa situação de exportadores de mão-de-obra qualificada.

Mesmo com as cotas, nada garante que os formados nessas universidades não pegarão o seu chapéu e não irão embora.

Não consigo pensar em política pública mais regressiva do que a universidade pública gratuita.