Muito a desejar

Há alguns meses, as ciclofaixas de domingo foram desativadas após anos de funcionamento. Motivo: a prefeitura deixou vencer o contrato com o Bradesco, que patrocinava as ciclofaixas, e não tinha nenhum plano B no lugar. Resultado: uma opção a menos de lazer para os paulistanos no domingo.

Não me espanta, portanto, que o maior carnaval de rua do Brasil esteja esta zona narrada pela reportagem.

As eleições para a prefeitura de São Paulo costumam ser encaradas como um laboratório para as eleições gerais de dois anos depois. Afinal, trata-se do terceiro maior orçamento do País. Os moradores da cidade, no entanto, dão valor também, além dos embates ideológicos e políticos, para o que o prefeito faz ou deixa de fazer em termos administrativos. E, nesse quesito, Bruno Covas deixa muuuuuuito a desejar.

Arma na mão

Mais um “tema polêmico” vai desfilar na Sapucaí. Além do “momento Porta dos Fundos” na Marquês de Sapucaí, a letra do samba-enredo da Mangueira também se dedica a “provocar Jair Bolsonaro”, com o trecho “o futuro não tem Messias de arma na mão”. Letra sob medida para embevecer a intelectualidade da zona sul.

Por curiosidade, fui ver o mapa de votação de Bolsonaro na cidade do Rio há pouco mais de um ano. O capitão ganhou em TODAS as seções eleitorais da cidade no primeiro turno. Nas seções em verde mais claro (zona sul), as votações foram inferiores a 50%. Ou seja, ele ganhou, mas não de maneira avassaladora como nas periferias e favelas.

E como foi a campanha de Bolsonaro? Com ou sem arma na mão? Pois é…

Se Bolsonaro perder a próxima eleição na cidade, pode ter certeza de que foi porque não cumpriu sua promessa de colocar ordem na casa. Com arma na mão.

Retrato acabado do Brasil

Sapucaí após o desfile

Os políticos não aportaram por aqui vindos de Marte. Os brasileiros os colocaram lá.

Os mesmos brasileiros que são incapazes de recolher o próprio lixo. Na Sapucaí ou nas ruas das cidades brasileiras.

A noção de bem comum começa com o respeito pelo espaço comum. A sujeira é a manifestação externa de uma doença moral.

A classe política é uma amostra do povo brasileiro. Enquanto o brasileiro não se curar de sua absoluta indiferença pelo bem comum, pode mudar sistema político e financiamento de campanha à vontade. Nada vai mudar.