Idiotas somos nós

O jornalista Hélio Doyle teve uma passagem meteórica pela EBC: tendo sido nomeado presidente em fevereiro, foi demitido em outubro, depois de ter repostado tuíte do cartunista Carlos Latuff, que dizia “Para apoiar Israel não é preciso ser sionista, basta ser idiota”.

Pois bem. A Comissão de Ética Pública do governo houve por bem manter o pagamento de salários ao ex-presidente por 6 meses, em função de potenciais “conflitos de interesses”. Em outras palavras, o jornalista poderia usar dados sigilosos e estratégicos da EBC para a iniciativa privada. Fico cá imaginando que interesse teriam as empresas jornalísticas nos dados dessa potência da mídia brasileira, que tem no traço a marca de sua audiência.

O fato é que o petismo não abandona os seus. Ao ser obrigado a demitir o presidente da EBC pela pressão da opinião pública, o ministro da Comunicações, Paulo Pimenta, deve ter prometido a continuidade da sinecura ao jornalista. Afinal, um defensor da democracia não merece ficar na chuva. A Comissão de Ética cumpriu o seu papel e, de maneira muito ética, determinou o pagamento do salário de R$ 35 mil por mais 6 meses.

Idiotas somos nós.

PS.: Bolsonaro teve 4 anos para privatizar ou fechar a EBC. Não o fez. A culpa é dele.

Receita para aumentar a audiência das lives de Lula

Mesmo com apoio da EBC… como se aquele cabide de empregos fizesse alguma diferença para alguma coisa.

O fenômeno da maior popularidade de Bolsonaro nas redes, se comparada à de Lula, não é de hoje, sempre foi assim. A reportagem chama a atenção para o fato mas não explora os eventuais motivos. Está aí uma pauta que seria interessante ser explorada.

A explicação de que os bolsonaristas mais gostam é que Bolsonaro simplesmente é mais popular que Lula, o que seria, inclusive, uma evidência de que as eleições de 2022 teriam sido roubadas. O problema dessa “explicação” é que se popularidade nas redes (ou na TV ou em qualquer mídia) fosse garantia de voto, bastava escalar os maiores influencers para concorrer em eleições majoritárias. Luciano Huck ensaiou mais de uma vez, mas não teve coragem. Quem sabe Felipe Neto não se anima? Desconfio que, em uma eleição entre Bolsonaro e Felipe Neto, a diferença de votos entre os dois seria muito menor que a razão entre o número de seus seguidores.

Na falta de uma análise mais técnica, eu tenho minha hipótese: as lives de Lula têm pequena audiência porque são um porre. Já tentou assistir? É muito chato. Um formato produzido, com jornalista profissional, engomadinho, não tendo nada a ver com o personagem, que está claramente pouco à vontade ali. Bolsonaro fazia a coisa improvisada, trazia sanfoneiro, entrevistava os ministros, enfim, tinha um certo ar de pastelão que atraía o público, além de seus fãs de carteirinha. Minha orientação para o Lula seria ele se livrar de toda essa parafernália e gravar as lives em um bar ou em um churrasco, falando de maneira solta, como ele fala com os amigos, de preferência meio alto. Claro que, sem controle nenhum, a torneirinha de asneiras jorraria sem parar, para a alegria de seus adversários. Mas garanto que a audiência aumentaria exponencialmente. Não, não vai acontecer, o que é uma pena.